postado em 20/02/2009 10:18
Pelo tempo regulamentar, ainda faltam 22 meses até o fim da atual administração, mas secretários de governo e gerentes de projetos com perfil político trabalham sob a pressão de um prazo bem mais curto, o que se encerra quando passa a vigorar o calendário eleitoral. Falta pouco para virar a ampulheta que marcará a contagem de um ano até 31 de março, período a partir do qual a lei exige a saída de integrantes do primeiro escalão interessados em concorrer a cargos eletivos. Três meses depois, em junho, ficam proibidas as inaugurações públicas. O limite é incompatível com a conclusão de obras, que tiveram o cronograma estendido por conta de travas burocráticas. A perspectiva de perder o melhor da festa, a entrega de projetos vistosos, compromete os planos de parte da equipe do GDF.
O secretário de obras, Márcio Machado, está entre os que admitem a frustração. ;A longa estrada da burocracia gera um angústia grande, porque um governo tem data para começar e acabar e dentro desse período ainda conta o prazo do processo político;, desabafa Machado. Presidente do PSDB regional e provável candidato a uma vaga de deputado federal em 2010, Machado corre o risco de não descerrar a placa de várias das obras pelas quais trabalhou nos últimos dois anos. Nesse tempo, Machado se acostumou a um cronograma que anda num ritmo indiferente às metas fixadas pelo governo. Ele contabiliza uma centena de obras cujos projetos estão prontos, mas o início das construções ainda depende de autorização dos órgãos de controle.
Embargo
Um exemplo que confronta os planos do governo com a realidade de execução de obras é o que ocorre com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Parte do plano de reestruturação do trânsito no Distrito Federal e tratado como programa prioritário desde o início do governo, o VLT aguarda autorizações dos órgãos de controle e liberação judicial para começar. O projeto que pretende enxertar um metrô de superfície de ponta a ponta na W3 foi embargado por iniciativa do Ministério Público nesta quarta-feira. Uma liminar da Justiça suspendeu a concorrência do VLT, enquanto o GDF não obtiver licença ambiental.
Com prazo de execução de 18 meses, quando o primeiro trecho do VTL estiver em execução, o secretário à frente do projeto, deputado federal Alberto Fraga, estará em meio à campanha eleitoral. ;Estou há dois anos lutando contra a burocracia e se as obras não ficam prontas no prazo planejado não sou eu que devo me envergonhar, mas os representantes de todas as etapas que empatam o processo;, considera o político. A pasta de Fraga, Secretaria de Transportes, também tem o desafio de desenrolar as obras na EPTG, outro braço da reforma viária na cidade. Depois de 24 meses tramitando pelas instâncias burocráticas, a expectativa do governo é conseguir iniciar a obra em março.
O que está previsto
VLT e VLP
O projeto aguarda pareceres ambientais e a liberação da Justiça para ser iniciado. O tempo de conclusão previsto é de 1,5 ano e o custo, estimado em R$ 1,5 bilhão.
Vilas Olímpicas
Dez vilas estão em construção, a primeira delas será inaugurada em abril. A meta do governo é construir 20 unidades até o fim de 2010, a um custo de R$ 7 milhões, em média.
EPTG (corredor oeste)
O início das obras do Programa de Transporte Urbano está marcado para março e a conclusão, estimada em 1,5 ano. O projeto promete desafogar o trânsito. O custo previsto é de R$ 690 milhões.
Torre de TV Digital
A meta do governo é erguer a torre digital no Grande Colorado até abril de 2010. Mas a obra ainda depende de licença ambiental.