Politica

O próprio Ministério do Meio Ambiente não pratica coleta seletiva do lixo que produz

postado em 22/06/2009 08:34
Quatro mil árvores abastecem todo mês a burocracia da Esplanada dos Ministérios. Essa é a matéria-prima usada para produzir as 100 toneladas de papéis que circulam nos gabinetes e, em seguida, vão parar nas latas de lixo. As montanhas de documentos todos os dias rejeitados em contêineres oficiais denunciam dois problemas: o volume de papel desperdiçado e a incoerência do poder público, que prega a coleta seletiva, mas não a prática. A quantidade de árvores derrubadas para servir aos gabinetes oficiais é maior que todo o esforço feito de outubro do ano passado até hoje para reflorestar o Parque da Cidade. No período foram plantadas 3 mil sementes no local. [SAIBAMAIS] Se uma tonelada de papel leva ao chão 15 árvores, cada ministério consome, em média, 720 delas por ano para funcionar. Na pasta da Saúde, por exemplo, todos os dias são recolhidos 160 quilos de restos. A média é a mesma de outros endereços na Esplanada, como o Ministério da Educação, da Justiça ou das Comunicações. Mesmo que cooperativas, catadores independentes e o próprio Serviço de Limpeza Urbana de Brasília recolham todos os dias o material, ainda assim as lixeiras estão sempre transbordando de dejetos que poderiam ser reaproveitados, mas a mistura limita o processo. A reportagem do Correio revirou as caçambas de lixo de Esplanada e constatou que nem mesmo no endereço comercial do presidente Lula, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), há o hábito de separar o lixo seco do molhado. Mas ainda que Lula e sua principal assessora, a ministra Dilma Rousseff, estejam muito ocupados para se preocupar com lixo, há no governo quem abrace o tema. Pelo menos no discurso. O Ministério de Meio Ambiente ensina em sua página na internet (www.mma.gov.br): ;Ao segregarmos os resíduos, estamos promovendo os primeiros passos para sua destinação adequada. Permitimos assim, várias frentes de oportunidades como reutilização, reciclagem, melhor valor agregado ao material a ser reciclado, além de melhores condições de trabalho dos catadores e menor demanda da natureza;. Mas como em casa de ferreiro, espeto é de pau, o lixo do Ministério do Meio Ambiente, comandado pelo polêmico Carlos Minc, contraria as recomendações divulgadas pela própria estrutura. As sobras do MMA são acomodadas em três contêineres vizinhos às duas caçambas que guardam os restos do Ministério da Cultura (Minc). Nos dois casos, centenas de relatórios se misturam ao chorume, que escorre das sobras de comida e bebida. Além disso, garrafas de refrigerante, papel higiênico usados e calhamaços de documentos sem utilidade são empacotados nos mesmos sacos plásticos pretos. ;O que é bom a gente leva, o que não presta deixa aí;, diz Pedro Silva, 18 anos, que trabalha como catador de papel há 8 anos. Os sacos com mais comida que documentos permanecem na caçamba. Prático na tarefa de selecionar o que há de valor no lixo, Pedro ensina: ;Puxo pra carroça os pacotes mais leves;. Os outros serão recolhidos pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

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