Politica

CCJ é palco para desgastar Dilma

Convocação de ex-secretária da Receita é parte de estratégia para minar a pré-candidata

postado em 15/08/2009 10:25
Depois de sair chamuscada da crise do Senado, a oposição mudou a trincheira e voltou o foco para seu alvo principal: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Quando a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira se sentar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), no dia 18, para dizer aos senadores se recebeu ordem da ministra para suspender a investigação sobre os negócios de Fernando Sarney, estará aberta a terceira temporada no sentido de desgastar a candidata de Lula à Presidência da República.

Convocação de ex-secretária da Receita é parte de estratégia para minar a pré-candidataA ordem é transformar a CCJ em anexo da CPI da Petrobras e estuário de todas as convocações que a oposição não conseguir aprovar na Comissão Parlamentar de Inquérito. Uma das primeiras providências é requisitar registros de entrada e saída do Palácio do Planalto para verificar o encontro que Lina disse ter tido com a ministra.

O governo está preocupado e, como nas temporadas anteriores, trabalha para evitar a convocação de Dilma e para impedir que a CPI da Petrobras ganhe fôlego. ;Não tem sentido convocar a ministra;, disse Gim Argello (PTB-DF), que ontem teve encontro com Renan Calheiros (PMDB-AL). A avaliação do PMDB é de que essa ameaça da oposição pode levar o PT a mudar de ideia no que se refere a abrir uma investigação contra José Sarney. É que os petistas precisarão dos sarneyzistas para evitar que Dilma seja convocada a explicar as denúncias da ex-xerife da Receita. Se não for assim, até o líder petista Aloizio Mercadante (SP) pode virar alvo na CPI da Petrobras.

CPIs e convocações costumam ser desgastantes. Em outras vezes, os partidos do governo estavam unidos e, ainda assim, num cochilo da base, Dilma terminou convocada a falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento e a dar explicações sobre os cartões corporativos na comissão de Infraestrutura. Dilma saiu-se bem ao responder ao senador José Agripino que, no tempo da ditadura, mentiu para não entregar os companheiros. Dilma ainda enfatizou que Agripino não sabia o que era a tortura porque ficou ao lado dos militares. Saiu como heroína. A segunda temporada é na CPI da Petrobras, onde o governo, até agora, conseguiu controlar a investigação. Só que o anexo, a CCJ, ficou aberto.

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