postado em 09/10/2009 09:00
A falta de articulação para emplacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - que investigará os repasses financeiros do governo e de entidades internacionais feitos aos sem-terra - tem revelado fissuras na bancada ruralista.
Em tese, os parlamentares ligados ao agronegócio deveriam estar unidos, mas a realidade é bem diferente. Prova do racha foi o expressivo número de deputados ruralistas que retiraram, na semana passada, seus nomes da lista necessária para a criação da Comissão. De um total de 45 deputados que abandonaram o barco na última hora, 19 eram ruralistas.
Empenhados em levar a CPI adiante, os parlamentares mais exaltados têm pressionado os dissidentes a defenderem o setor, mas, até agora, a articulação anda fraca. Dos 19 desistentes, apenas um, o deputado Antônio Andrade (PMDB-MG), assinou novamente o documento.
Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos autores do requerimento que pede a CPI, tem uma explicação para a justificar a decisão dos colegas: "O principal motivo da desistência foi a compra de apoio com emendas e cargos oferecidos pelo governo. É como o velho esquema do mensalão".
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que ontem atacou colegas em sua página no microblog Twitter, endossou as críticas aos dissidentes. "O que faz um parlamentar que assina um pedido e, de repente, recua? É lógico que foi uma ameaça do PT do governo Lula, que adotou a troca de interesses. Agora, só não sei qual método eles (a base aliada) aplicaram para pressionar: o mensalão, a autorização de obras, de cargos no governo, a liberação de emendas, ou interesses de ordem pessoal, como empregos e liberação de empréstimos."
Requerimento
Apesar dos conflitos internos, ontem à noite a bancada ruralista já tinha 165 assinaturas para dar entrada com o pedido de abertura da CPI - o número mínimo é 171. Somadas às 33 conseguidas pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO) no Senado, onde há exigência mínima é de 27 adesões, os representantes do agronegócio esperam conseguir as firmas que faltam na Câmara para apresentar o requerimento na próxima terça-feira.
A estratégia para evitar o fracasso da semana passada é fiscalizar os parlamentares que já firmaram o documento. "A gente está monitorando todos os que já assinaram e batendo na tecla da importância desse tema ser levado adiante", diz Caiado.
Os desistentes
Após a leitura do requerimento de criação da CPI do MST na semana passada, 45 deputados retiraram suas assinaturas do documento. Veja a lista dos 18 parlamentares da bancada ruralista que desistiram de apoiar a comissão de inquérito.
# Celso Maldaner (PMDB-SC)
# Edinho Bez (PMDB-SC)
# Édio Lopes (PMDB-RR)
# Eliene Lima (PP-MT)
# Fernando Coelho Filho (PSB-PE)
# Geraldo Resende (PMDB-MS)
# João Pizzolatti (PP-SC)
# José Rocha (PR-BA)
# Lázaro Botelho (PP-TO)
# Luiz Fernando Faria (PP-MG)
# Nelson Marquezelli (PTB-SP)
# Nelson Meurer (PP-PR)
# Neudo Campos (PP-RR)
# Odílio Balbinotti (PMDB-PR)
# Pompeo de Mattos (PDT-RS)
# Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR)
# Sabino Castelo Branco (PTB-AM)
# Veloso (PMDB-BA)