Politica

Saída de Aécio anima petistas

postado em 19/12/2009 08:01
Sob a batuta de Lula, Dilma negocia aliança com PMDB, PR, PP, PTB e siglas de esquerdaA desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, da disputa presidencial abriu caminho para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), consolidar uma ampla aliança em torno de sua candidatura e reforçar a ideia da eleição plebiscitária, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com o governador paulista José Serra (PSDB) como o titular da vaga oposicionista, PP, PR e PTB, por exemplo, veem poucos empecilhos para emprestar apoio à petista.

Seja por convicção ou a fim de aumentar o cacife na negociação com Dilma e Lula, esses três partidos flertavam com uma eventual candidatura do governador mineiro e colocavam obstáculos para declarar apoio a Dilma. Engrossavam a lista setores do PMDB, legenda da qual Aécio saiu antes de migrar ao ninho tucano. A discussão agora é sobre o ritmo e a fatura a ser apresentada nas negociações realizadas com o Palácio do Planalto.

Dentro de PR, PP e PTB, havia sentimentos ambíguos de comemoração e lamentação, apesar de muitos duvidarem da real capacidade do político mineiro de enfrentar a hegemonia paulista do PSDB. ;A saída do Aécio abriu caminho para a vitória de Dilma;, disse o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA). Integrante da tropa de choque da ministra dentro da sigla, Negromonte elogiou a maior interlocução de Aécio com partidos da base aliada. ;Dentro do Congresso, ele tem mais densidade que o Serra;, emendou. O PP realizou um levantamento interno sobre qual a opção para 2010. O resultado apontou uma clara tendência pró-Dilma, segundo o deputado.

Parlamentares afirmam que o governador de São Paulo está próximo de seu limite de intenção de votos e demonstram ceticismo com relação à transferência de eleitores entre os dois tucanos. ;O Serra está batendo no teto nas pesquisas;, disse Negromonte. ;Persiste a dúvida se os votos do Aécio vão migrar facilmente assim. É certo que não irão para a Dilma, mas também não sei se vão para o Serra;, emendou o deputado Lincoln Portela (PR-MG).

Contrapartida
O PR, que também usava o argumento da proximidade com o governador de Minas Gerais para se cacifar nas negociações com o PT, disse estar aberta a porta ao entendimento. ;Facilita o acordo com a Dilma, não para uma coligação, mas para um apoiamento;, afirmou Portela. O comentário é um recado aos petistas que acham que as alianças serão naturais. Sob o argumento de que não se pode prejudicar a estratégia de eleger mais deputados e senadores em 2010, o PR (ex-PL) pretende impor todas as dificuldades possíveis para fechar um acordo formal com o PT, nos termos da ;minuta de contrato; assinada com o PMDB.

;Uma coligação é suicídio. Não podemos perder autonomia nos estados;, disse Portela. Apesar da redução dos obstáculos à aliança com o PT, esses partidos descartam antecipar a decisão que será tomada em meados do primeiro semestre do ano que vem. ;Já estamos no fim do ano, fevereiro é carnaval. Não se decide nada antes do carnaval;, afirmou Negromonte. A saída de cena de Aécio também aproxima o PSB de Dilma. Nos discursos públicos, o deputado Ciro Gomes (CE), presidenciável socialista, afirmou várias vezes que apoiaria o governador mineiro caso fosse candidato. Agora, restam duas opções: a candidatura própria ou a adesão a Dilma.

Divisões internas
Protagonista do escândalo do mensalão, detonado pelo presidente do partido, Roberto Jefferson (RJ), o PTB vive uma disputa interna entre o senador Gim Argello (PTB-DF) e o deputado estadual paulista Campos Machado sobre qual caminho trilhar em 2010: apoio ao PSDB ou ao PT. Integrante da base aliada de Serra na Assembleia Legislativa, Machado propôs ao senador, aliado da ministra Dilma Rousseff, um termo de conduta de pacificação da legenda: baixar as armas e levar a discussão para a executiva nacional, com a promessa de que o lado perdedor apoiará o vencedor.

;Vou conversar com ele para ver as regras, mas a ideia é ir para uma disputa interna. Tenho certeza de que ganho. Fazemos uma campanha interna e levo até a Dilma para conversar com o partido;, disse o senador, segundo quem 15 dos 27 diretórios estaduais apoiam a tese pró-PT. Por trás da disputa, está o controle do partido. A parte vencedora não só terá a primazia das negociações com o candidato preferido como ganhará força para desbancar a influência do deputado cassado Roberto Jefferson.

No caso do PDT, o debate está mais consolidado. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, sempre defendeu o acordo com Dilma, ao mesmo tempo em que flertava com Aécio Neves. Com o governador mineiro fora do páreo, Lupi ganhou força para impor o caminho que escolher dentro do partido. O ministro atua em linha com o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical. Os dois tentam sufocar vozes dissonantes que pregam uma candidatura própria ou conversas com o pré-candidato do PSB, deputado Ciro Gomes.

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