Politica

PT briga pelos "erros"

Petistas de São Paulo esperneiam e tentam reagir à imposição de Lula em lançar Ciro na disputa pelo governo paulista. Sobram críticas aos "equívocos políticos"

postado em 01/01/2010 08:36
São Paulo - Uma semana depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tecer duras críticas ao diretório paulista do PT, ao dizer que o partido vem cometendo erros históricos em São Paulo, começaram as primeiras reações de líderes da legenda. O líder do PT na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (SP), um dos fundadores do partido em São Paulo, chegou a dizer que Lula está %u201Cequivocado%u201D ao mencionar que o fato de o partido apresentar um novo candidato ao Palácio dos Bandeirantes a cada eleição favorece a hegemonia do PSDB no estado. "O Lula acerta 99% das vezes. Nesse caso, trata-se do erro de 1%", ironizou. Para disputar a eleição no estado mais rico, Lula defende o nome do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), mas uma corrente forte do partido é contra e defende que há nomes em São Paulo capazes de enfrentar de igual para igual a fortaleza que os tucanos construíram no estado. O PT paulista pretende emplacar Marta Suplicy, Aloizio Mercadante, Antonio Palocci ou o prefeito de Osasco, Emídio Souza, na corrida pelo maior orçamento estadual do país. Do outro lado da trincheira, provavelmente estará o tucano Geraldo Alckmin. Para Lula, o nome ideal é Ciro Gomes, mas contra a sua vontade há o próprio Ciro, que já comunicou os dirigentes do PT paulista que não vai concorrer ao cargo. "Ele me disse pessoalmente que não quer nem pretende concorrer ao cargo. Se ele mesmo não quer, não devemos forçá-lo apenas para satisfazer a vontade do presidente. Só nos resta como saída escolher um nome forte entre os petistas", defende Vaccarezza, que tem maior simpatia por Emídio. Essa escolha vai de encontro à tese de Lula, que condena mais um nome novo nas eleições paulistanas. Em linha direta com o comando do PT na capital, Lula pediu que os políticos da legenda priorizem a eleição de Dilma Rousseff, principalmente porque São Paulo será o palco onde a candidata terá mais dificuldade para conseguir votos por causa do enfraquecimento da legenda. "O PSDB conseguiu construir uma força muito grande em São Paulo. Prevejo que trabalhar a campanha no estado será o maior desafio de Dilma", ressalta Vaccarezza. A saída para o PT paulista, na visão de Lula, seria costurar alianças. Pelo menos foi essa a recomendação que ele fez no último encontro político que teve com líderes da legenda em São Paulo. Na hora de falar com os petistas paulistanos, Lula lembrou um conselho de sua mãe, dona Lindu, que dizia para ele teimar sempre, assim conseguiria chegar aonde queria. "Eu acho que o PT deveria ter repetido um candidato várias vezes em São Paulo. Antes, com 30% de votos se ganhava uma eleição. Hoje, precisa de 50% mais 1 voto", reforça. Para o presidente, o PT precisa ampliar o rol de aliados em São Paulo e parar de agregar apenas partidos de esquerda. "Para eu ganhar a eleição, tive de trazer o empresário José Alencar para vice-presidente. A palavra é aliança política. O PT de São Paulo precisa descobrir partidos, personalidades, deveria procurar um Zé Alencar. Só faz aliança pela esquerda. É a soma do zero com o zero, não acrescenta nenhum segmento novo. Precisa procurar gente de fora", disse recentemente. Segundo a última pesquisa Datafolha, os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra venceriam a eleição para o governo de São Paulo no primeiro turno. Alckmin teria 50% e Serra chega 55% em uma das simulações. Na mesma pesquisa, a ex-prefeita Marta Suplicy teria entre 14% e 19%, dependendo do cenário. Ciro Gomes ficaria entre 14% e 16%. O presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Edinho Silva, defendae que a decisão sobre o candidato ao governo de São Paulo não deve ocorrer de maneira impositiva nem arrogante. "Nós vamos apresentar um candidato. O que não pode ter é a arrogância de que só nós é que podemos apresentar um nome." Edinho tem dito publicamente que vai fazer o que Lula mandar. Mas, nos bastidores, defende o nome de Antonio Palocci para o governo de São Paulo.

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