Politica

PT se reúnem com líderes do PMDB

Petistas reforçam que a decisão sobre o vice de Dilma caberá aos peemedebistas. Michel Temer permanece na disputa pela indicação

Ricardo Brito
postado em 28/01/2010 07:00
Para não melindrar o noivo, o PT estendeu ontem o tapete vermelho para a cúpula do PMDB e manteve viva a pretensão do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), de se tornar candidato a vice na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em encontros ao longo do dia, dirigentes petistas reafirmaram aos peemedebistas que caberá a eles a definição da vaga. O movimento tenta acabar com o mal-estar reforçado no último fim de semana pelo ex-ministro José Dirceu que, durante reunião da principal corrente do PT em São Roque (SP), defendeu que o PMDB apresente uma lista tríplice (1) com pretensos nomes ao cargo.

Num café da manhã promovido pelos petistas, o atual e o futuro presidente do partido, Ricardo Berzoini e José Eduardo Dutra, reiteraram que PT e PMDB vão rumar juntos nas eleições presidenciais. ;A escolha é do PMDB;, garantiram Berzoini e Dutra, segundo o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), um dos presentes ao encontro. Eles preferiram circunscrever as divergências às correntes minoritárias dentro do PT. Queixaram-se até da imprensa, que tem dado voz a essas declarações. ;O PT vai aceitar seja lá quem for;, disse Berzoini ao Correio.

De parte a parte, ninguém quis bater o martelo sobre o nome de Temer para compor a chapa com Dilma. ;Não tratamos disso;, disse o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). Também participaram do encontro, pelo lado do PT, o ex-líder do partido e futuro líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza, e o deputado José Eduardo Cardozo (SP), secretário-geral da legenda; pelos peemedebistas, além de Eunício e Henrique Eduardo Alves, o líder do Senado, Renan Calheiros (AL), e o deputado Eduardo Cunha (RJ), aliado de primeira hora de Temer. No clima de armistício, Vacarezza almoçou com o presidente da Câmara e peemedebistas para reforçar o compromisso eleitoral dos partidos.

A cúpula do PMDB, por seu lado, continua com o discurso de unidade para fortalecer o nome do presidente da Câmara na chapa de Dilma. Na tarde de ontem, a Executiva do partido decidiu antecipar em um mês o encontro que prorrogará por mais dois anos o mandato de Temer à frente da legenda. A votação estava prevista para ocorrer em 6 de março. Foi remarcada para 6 de fevereiro.

;A recondução do presidente Michel Temer é positiva para trazer o conjunto do PMDB para a campanha numa aliança com a ministra Dilma e dar estabilidade no fim do governo;, afirmou o deputado Eliseu Padilha, cacique do PMDB gaúcho. Na saída da reunião, Temer ; presidente do partido desde 2001, mas licenciado há 11 meses do cargo ; chegou a enumerar as qualidades necessárias a um postulante a vice. Precisa agregar as tendências do partido e ser conciliador, qualidades que os peemedebistas dizem ser as principais dele. Mas despistou se seria ele o nome ideal. ;Não tem nem candidato, quem dirá vice;, respondeu.

Nos bastidores, setores do PT e assessores palacianos torcem contra a indicação de Temer por duas razões: não acreditam na capacidade de cabalar votos dele e prefeririam outro nome, como o do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), ou do deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB). Ou até topam o nome de Temer, mas não querem escolhê-lo logo, sob pena de aumentar o poder de barganha do partido.

1 - Agregador de votos
No fim do ano passado, o presidente Lula declarou que o PMDB deveria apresentar uma lista com três nomes do partido. A declaração caiu como bomba no colo dos peemedebistas, já que, para os aliados, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), seria o político que mais agregaria apoio na legenda para ser vice.

Colaborou Tiago Pariz

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