Politica

Ciro critica alianças que sustentam a candidatura de Dilma

postado em 06/02/2010 10:26
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) reafirmou ontem, em Recife, a disposição de apimentar a sucessão presidencial. Em entrevista, voltou a criticar a política de alianças da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com vistas às eleições. Segundo ele, a rede de apoio à ministra Dilma Rousseff ;mistura alhos com bugalhos, gato, sapato, galinha, pena, cachorro;. Ciro ainda acusou o PT de tratar aliados não fisiológicos, como o PSB e o PCdoB, como ;bucha de canhão; e ;chiqueiro de ovelha;.

Ciro ressaltou, no entanto, que sua candidatura não é irreversível, mas assegurou que só o seu partido pode demovê-lo da ideia de disputar a sucessão presidencial. ;Irreversível, só a morte;, afirmou o deputado, que se reuniu a portas fechadas com o governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Ao lado de Campos, Ciro gravaria ontem o programa nacional do PSB, que será transmitido em 18 de fevereiro. A exposição audiovisual é vista como um dos trunfos do deputado para subir um pouco nas intenções de voto pré-eleitorais. Nas últimas sondagens, o ex-ministro da Integração Nacional de Lula não passava dos 12%.

Retirada
Se o parlamentar continua insistindo na tese da candidatura, o PT bate o pé na retirada de Ciro da disputa presidencial. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse ontem que o ;cenário; caminha para um candidatura única da base governista na corrida presidencial. ;Temos todas as condições de sentar e conversar. Eu acredito que o cenário é para a candidatura única, assim como a polarização do debate entre os que defendem esse governo e os que são contra;, afirmou.

No mesmo tom, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, disse que vai manter as conversas com o PSB em busca de um consenso. ;O Ciro tem legitimidade política para pleitear qualquer cargo. Temos uma visão diferente de estratégia política. Vamos continuar o debate. Se a nossa tese não prevalecer, vamos estar juntos no segundo turno;, contemporizou. Dutra ressaltou que não encara Ciro nem a senadora Marina Silva como adversários de Dilma. ;Oposição é o José Serra. Me recuso a colocar a Marina como oposição;, disse, sobre a pré-candidata do PV e ex-ministra do Meio Ambiente de Lula.

Nos bastidores, o presidente Lula aposta que até março conseguirá consolidar uma quantidade significativa de parlamentares do PSB interessados em estabelecer uma coligação regional com a ministra Dilma. Assim, isolaria Ciro e o deixaria sem coligações para sustentar sua chapa. Paralelamente, Lula trabalha para demover Ciro da ideia de sair candidato. Na semana passada, o presidente havia reforçado ao governador Eduardo Campos a intenção de transformar a eleição num plebiscito entre PSDB e PT.

Ciro, por sua vez, sustenta que o PSB adota estratégia errada ao jogar para Lula a responsabilidade de fortalecer sua candidatura. Critica o presidente da República por insistir na tese de eleição plebiscitária e polarizada entre PT e PSDB. E afirma que a única chance de pisar no mesmo palanque da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pelo menos atualmente, é na disputa do segundo turno.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação