Politica

PSol luta para sobreviver na política nacional

Sem um nome forte na eleição à Presidência da República, partido teme perder espaço no Congresso e tenta pelo menos manter a bancada. Aposta é na disputa para as assembleias

postado em 17/02/2010 09:29
Sem um nome forte para disputar a Presidência da República, o PSol luta para não encolher na eleição de outubro. Fazer apostas mais fáceis em cargos dos legislativos regionais é a ordem no partido criado com a bandeira anticorrupção. Repete-se em diversos estados o exemplo da ex-senadora Heloisa Helena, vereadora em Maceió, que preferiu não se sacrificar pela legenda na corrida presidencial ao optar pela disputa ao Senado.

Em Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a aposta é crescer em cadeiras nas assembleias legislativas e, pelo menos, manter as três vagas de deputado federal com Ivan Valente (SP), Chico Alencar (RJ) e Luciana Genro (RS). Ao Senado, Heloísa Helena é a única aposta de candidato competitivo. O senador José Nery (PSol-PA) vai tentar uma vaga a deputado estadual.

;Conquistar funções nos legislativos regionais possibilita um processo de implantação nacional do partido. Se pode parecer um enfraquecimento das possibilidades do PSol, por outro lado a luta por um espaço nos parlamentos dos estados mostra que o partido sairá fortalecido;, diz Nery, ao defender a estratégia eleitoral adotada.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a expectativa é eleger ao menos dois deputados estaduais. Mas voltar-se aos legislativos regionais pode ser indício também de uma dificuldade do PSol em encontrar lideranças nacionais capazes de agregar votos e fazer a sigla crescer. ;Aqui em Alagoas, estamos tendo dificuldade em fechar os candidatos para deputado federal porque a preferência é uma vaga na Assembleia;, explica o secretário nacional de organização, Mário Agra Júnior.

Na esteira
A estratégia nacional ficou prejudicada quando Heloísa Helena defendeu o apoio à candidatura da senadora Marina Silva (PV) ao Palácio do Planalto, abrindo mão de entrar na disputa. Sem um nome forte, o PSol poderá ter dificuldades para ter um bom desempenho eleitoral, avaliam alguns integrantes do partido. A legenda conseguiu eleger os três deputados em 2006 na esteira da votação da ex-senadora, que arrebatou 6,5 milhões de eleitores, deixando para trás o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que obteve 2,5 milhões de votos.

A votação surpreendente de 2006 não se confirmou na eleição municipal dois anos mais tarde, quando apenas 795 mil eleitores optaram pela legenda, demonstrando ser incipiente a ligação do eleitorado com o partido. A conexão deu-se sobretudo com a ex-senadora, que encarnou o papel de opositora de todos os lados e tornou-se voz ativa contra governo e oposição. Heloísa Helena acabou ocupando um vácuo aberto com a insatisfação de eleitores de esquerda diante dos seguidos escândalos de corrupção envolvendo o PT. O secretário de organização discorda, porém, que o partido arrisca-se a desaparecer na eleição nacional. ;Mesmo sem a Heloísa, nós continuaremos com um candidato a presidente;, explica Agra.

Nome próprio
Para evitar jogar por terra as conquistas da última eleição geral, um grupo do PSol criou uma dissidência, contrária à proposta de apoiar Marina, e disposta a forçar o lançamento de um nome próprio na disputa presidencial. O PSol escolhe em 10 e 11 de abril no Rio de Janeiro o candidato entre o presidente do diretório de Goiás, Martiniano Cavalcante, e os ex-deputados federais Plínio de Arruda Sampaio e Babá. Caso não vença a indicação, Babá se lançará a deputado estadual pelo Rio de Janeiro, estado que adotou desde que deixou o Pará. No Rio, o partido filiou o músico Marcelo Yuca, que lançou sua pré-candidatura a deputado federal.

Memória

Uma costela tirada do PT

O PSol nasceu de uma dissidência do PT capitaneada pela então senadora Heloísa Helena (AL). Durante grande parte do primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um grupo minoritário de petistas chamados de radicais adotou postura contrária ao governo por considerar que as bandeiras históricas do partido estavam sendo rasgadas. A discussão da reforma da Previdência foi o ápice da tensão. Por votarem contra a proposta governista, Heloísa Helena, o então deputados João Batista Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE) foram expulsos da legenda em dezembro de 2003.

Heloísa, Luciana e Babá tomaram a frente da criação de um novo partido, que nasce em 6 de junho de 2004, com a assinatura de 101 simpatizantes. O crescimento da legenda ocorre um ano mais tarde em pleno escândalo do mensalão, quando o PT foi acusado de desviar dinheiro público para pagar partidos da base aliada. Todos os integrantes de uma tendência petista, a Ação Popular Socialista, aderiram ao PSol.

Desidratação
Ocorre então uma desidratação do Partido dos Trabalhadores proporcional ao crescimento do PSol, quando os também deputados Chico Alencar, Maninha, Ivan Valente, Orlando Fantazzini e João Alfredo anunciam a desfiliação e o ingresso no novo projeto. Do grupo de ex-petistas, apenas Alencar, Valente e Luciana Genro conseguem se reeleger. A senadora disputa a Presidência da República e fica em terceiro com 6,85% dos votos válidos, numa aliança com o PSTU, cuja origem também foi o PT. Em 2008, nas eleições municipais, o PSol alcança 795 mil votos, o 15; desempenho, atrás de partidos nanicos com o PSC e o recém-criado PRB. (TP)

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