Politica

Redução da jornada vai ficar para depois

Em encontro com sindicalistas , Dilma não defenderá as 40 horas semanais de trabalho

postado em 10/04/2010 08:40
A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, está em rota de atrito com dois de seus principais suportes na campanha em busca do Palácio do Planalto. Alimentou a polêmica com o PMDB sobre a dobradinha com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB). E não pretende encampar a proposta das 40 horas semanais de trabalho, principal bandeira de reivindicação das centrais sindicais. Dilma com Ségolène Royal: uma sexta-feira com agenda internacionalAo lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma reúne-se hoje com representantes de seis entidades sindicais, entre as quais a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, em São Bernardo do Campo (SP), berço político do PT. Cerca de 800 sindicalistas foram convidados para debater qualificação profissional e apresentar a pauta de reivindicação, encabeçada pela redução da jornada de trabalho. "A jornada de 40 horas é uma questão constitucional e não cabe ao governo ou ao candidato apresentá-la como plataforma. Cada um tem uma visão sobre o tema. Não dá para firmar um compromisso porque essa é uma questão do Congresso Nacional", disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Há um cuidado em não se indispor com o empresariado, que rejeita a redução em quatro horas sem uma contrapartida. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), tentou, sem sucesso, um acordo. Cotado para ser vice de Dilma, o peemedebista propôs uma diminuição progressiva nos próximos anos, com uma queda também na contribuição previdenciária dos patrões. "Nós até aceitamos fazer algo escalonado, mas com vantagem para o patronato, nem pensar", disse o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, que participa do evento de hoje. Dutra rebateu dizendo ser necessário as centrais flexibilizarem suas posições. O compromisso mais forte que Dilma pretende assumir com os sindicalistas é sobre políticas de qualificação profissional, tema colocado como uma das prioridades. A petista evitou tratar o evento em São Bernardo do Campo como uma provocação ao lançamento da candidatura de José Serra, hoje, em Brasília. Disse ser "absolutamente legítimo o PSDB lançar o candidato". Voto duplo A ministra também tentou consertar a polêmica sobre "Dilmasia" ou "Anastadilma", um apelido para o voto duplo em Dilma Rousseff e o governador Antonio Anastasia, em recente visita a Minas Gerais. Disse não haver nenhum desconforto com Hélio Costa, pré-candidato do PMDB ao governo mineiro. Sustentou, porém, que não se pode forçar o voto do eleitor. "Ninguém pode ser autoritário a ponto de dizer o que o eleitor deve fazer", afirmou ontem. Para fazer um afago em Costa, pregou um entendimento entre o PT e o PMDB mineiros. "Não só espero, como desejo e apelo", disse. Por Lula, Patrus Ananias e Fernando Pimentel desistiriam da contenda para apoiar o peemedebista. "O Hélio entendeu e até brincou comigo, dizendo que qualquer dia iriam perguntar para ele sobre o Serrélio", afirmou, em referência a dobradinha com José Serra. Dilma dedicou-se ontem a uma agenda internacional. Primeiro reuniu-se com o presidente do Chile, Sebastian Piñera, depois encontrou-se com a política francesa do Partido Socialista Ségolène Royal. Agenda A pré-candidata do PT à Presidência da República faz na segunda-feira sua primeira aparição no Nordeste, onde o presidente Lula esbanja os maiores índices de popularidade. Veja a agenda de Dilma Rousseff para os próximos dias: Hoje Estará em São Bernardo do Campo (SP). Participará de encontro com sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical, Central dos Trabalhadores do Brasil, União Geral dos Trabalhadores, Nova Central Sindical e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil. O objetivo é discutir propostas de emprego e qualificação profissional. Segunda-feira Vai a Juazeiro do Norte (CE). A petista visitará a Colina do Horto, onde está localizada a estátua de Padre Cícero. Depois, ela participa de uma conferência sobre o desenvolvimento da Região Metropolitana do Cariri, formada por 11 municípios cearenses. À noite, recebe o título de cidadã honorária de Fortaleza, na Câmara Municipal da capital. Terça-feira A pré-candidata petista se reúne com o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e participa de ato político ao lado do socialista. À noite, ela volta para Brasília, onde passará a quarta-feira fechada em reuniões políticas.

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