Politica

Pré-candidata do PT tenta esconder a agenda, mas é flagrada gravando programa do PT

postado em 28/04/2010 08:42
Dilma grava programa eleitoral no assentamento PastorinhaCom a agenda anunciada como vazia, a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, bem que gostaria de ter passado o dia escondida ontem. Mas não conseguiu. A reportagem do Correio/Estado de Minas flagrou a escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar as eleições de outubro para o Palácio do Planalto em um assentamento de trabalhadores rurais, chamado Pastorinhas, em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. O que Dilma tentou esconder a sete chaves? A gravação de parte de um programa de televisão do PT que vai ao ar em 13 de maio.

A locação escolhida foi estratégica: a casa da lavradora Ieda Maria Oliveira Rocha, que pertence a uma das 20 famílias que vivem no assentamento, participante de dois programas do governo federal. O Luz para Todos, que fornece energia a população rural de baixa renda, e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, destinado para a compra da produção de lavradores carentes.

Em um cenário montado dentro da casa da agricultora, com tijolos à vista e parte do esgoto correndo a céu aberto, a pré-candidata atuou como uma espécie de repórter. Em uma das perguntas, Dilma quis saber como era realizado o escoamento da produção local. A comunidade utiliza um caminhão, que tem custos divididos entre os trabalhadores assentados.

Mas a ministra também foi questionada, talvez fora do script. A lavradora perguntou se o governo federal tinha algum programa para compensar reservas de mata nativa conservadas por trabalhadores rurais. Dos 156 hectares do assentamento, 142 são de Mata Atlântica e, portanto, não podem ser desmatados. Dilma respondeu que sim, mas não soube dizer o nome do programa. ;Vou procurar saber e peço para lhe informar;, disse.

Dilma passou cerca de 40 minutos no assentamento(1), entre 16h50 e 17h30. Extremamente irritada com a presença da reportagem, não quis falar ao chegar nem quando deixou o local. O mau humor contaminou toda a produção do programa, que evitou passar qualquer informação para o repórter, e também os moradores do assentamento. ;Como vocês entraram aqui?;, perguntaram os agricultores, enquanto cercavam a equipe de reportagem. Ao final, impediram por cerca de cinco minutos que o carro do jornal deixasse o local. Na estrada para o terreno não existe sequer uma porteira. O acesso é livre, até porque é muito utilizado por clientes que vão até o assentamento comprar verduras e hortaliças. A pré-candidata do PT chegou até Brumadinho de helicóptero. O pouso ocorreu no Museu de Arte Contemporânea Inhotim, que pertence a Bernardo Paz.


1 - Ocupação do MST
O assentamento Pastorinhas surgiu depois de uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciado em 2001. A desapropriação ocorreu durante o governo Lula. As 20 famílias que vivem na área retiram entre R$ 250 e R$ 300 por mês com a comercialização de cenoura, beterraba, alface e ovos. A produção que não é adquirida pelo governo federal é enviada principalmente a Betim e Belo Horizonte.

Discurso simples

Ivan Iunes

Antes de seguir até Minas Gerais, Dilma Rousseff investiu em um discurso mais popular aos caminhoneiros, ontem, no Senado. A ex-ministra da Casa Civil tem sofrido apelos dos coordenadores da pré-campanha para modificar o tom dos falas. Ao discursar para os trabalhadores, a petista acentuou expressões próprias da categoria, como ;roda presa;, ;pagar o pato; e ;colocar o país no acostamento;. Se o discurso ficou mais simples, o alvo permaneceu o mesmo: os adversários tucanos na corrida presidencial.

Dilma pediu que os caminhoneiros não permitam a ;volta do atraso ao país;. ;Se caminhão parado não tem frete, o Brasil parado não tem desenvolvimento;, destacou. A petista também criticou a proposta de criação do Ministério da Segurança Pública ; ideia difundida pelo adversário tucano José Serra (PSDB). ;O Ministério da Justiça tem hoje caráter muito forte na segurança pública e dentro daquela questão de não ficar criando ministério atrás de ministério, não vejo muita importância nisso;, concluiu Dilma.

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