Politica

Alívio no comando do PT

Sinalizações favoráveis das pesquisas são vistas pelos estrategistas de Dilma como sinal de que os tropeços iniciais não foram graves

postado em 18/05/2010 07:00
A ascensão da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, nas pesquisas de intenção de votos colocou o partido e a cúpula da campanha petista numa perspectiva otimista. No outro lado da corrida presidencial, a luz amarela foi acesa entre os aliados (1) do ex-governador de São Paulo José Serra, embora o tucanato oficialmente discurse em torno da irrelevância das estatísticas atuais.

A pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgada ontem, confirmou a tendência do levantamento do Vox Populi, publicado no domingo pelo Correio. Dilma ultrapassou Serra, com 35,7% das intenções de voto, contra 33,2% do tucano. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, ainda se mantém a aura de empate técnico. O Vox Populi tinha mostrado Dilma com 38% e Serra, com 35%, também dentro da margem de erro.

Em entrevista ao programa do Ratinho, no SBT, Dilma adotou o tom de sempre, de entender as pesquisas como um espelho de momento. ;Não dá para calçar o salto alto. Eleição se ganha no dia da votação, com o último voto do último brasileiro nas urnas;, comentou. Na campanha dela, contudo, os números foram recebidos como um alívio. Havia uma ansiedade para a ex-ministra superar o adversário antes da oficialização do período eleitoral, a partir das convenções partidárias de junho.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, e Fernando Pimentel, um dos coordenadores da pré-campanha, utilizaram a internet para divulgar os dados das sondagens, enquanto outros petistas aliaram o crescimento de Dilma ao sucesso do governo. ;O povo está percebendo que quem pode consolidar as conquistas do governo Lula é a Dilma;, disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza.

Depois de um começo cheio de tropeços, a campanha de Dilma estava ansiosa para o encurtamento da distância em relação a Serra e a liderança como forma de afirmação. Os petistas, agora, pregam que com uma vantagem consolidada, ela dependerá mais de seu desempenho político do que da mão forte do presidente Lula. ;O fundamental é o desempenho. As pessoas votam querendo saber como vai ser o presidente;, disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). O parlamentar criticou a postura de parlamentares do PSDB que tentaram desqualificar os levantamentos. ;Os tucanos estão nervosos à toa. Eles têm que trabalhar mais;, disse Zarattini.

PSDB minimiza
Os tucanos tentaram reduzir o impacto das últimas pesquisas divulgadas. O candidato José Serra foi evasivo ao falar sobre o assunto: ;Quem me acompanha sabe que não comento pesquisa;, limitou-se. Mais cedo, antes de Serra desembarcar em Juazeiro do Norte (CE), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que essas consultas são apenas um ;retrato do momento;. Para ele, tanto a Vox Populi quanto a Sensus foram feitas no momento em que a petista Dilma Rousseff teve muita exposição de mídia. ;Ao longo da campanha haverá vários estímulos e desestímulos. Desta vez, os programas representaram um estímulo para o PT;, resumiu o senador.

O prefeito de Crato (CE), Samuel Araripe (PSDB), que reuniu lideranças políticas num almoço para falar da pré-campanha e preparar a recepção ao candidato José Serra, tratou as pesquisas como irrelevantes. ;Em 2004, 30 dias antes da eleição, o Ibope dizia que eu tinha 19% e o meu adversário, 40%. Em 27 de setembro, ele tinha 41% e eu 24%. Ganhei a eleição;, desdenhou, tendo os vereadores como testemunhas. ;A pesquisa que vale para nós é a urna;, afirmou o ex-deputado Romeu Feijó (PTB), amigo de Ciro Gomes, hoje coordenador da campanha de Serra no Cariri Leste.

1 - ;Santa pesquisa;
Pré-candidato a senador pelo Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM) usou seu blog na internet para sair em defesa do levantamento do Vox Populi e pregou que a campanha de Serra estude os dados para fazer correções antes da largada oficial do período eleitoral. ;Melhor que ir numa associação empresarial é reunir num auditório a militância e orientá-la e mobilizá-la. Se essa pesquisa sinalizou para isso, então, santa pesquisa;, escreveu o ex-prefeito do Rio de Janeiro.

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