Politica

Dilma dá ênfase à continuidade na política externa

Na entrega de diploma aos formandos do Instituto Rio Branco, Dilma prioriza a sequência na política de Lula e o foco nos direitos humanos

Renata Tranches
postado em 21/04/2011 08:14
Em discurso para a nova turma de diplomatas formados pelo Instituto Rio Branco, a presidente Dilma Rousseff enfatizou ontem a continuidade dos conceitos da política externa brasileira estabelecidos por seu antecessor, Luiz Inácio Lula Silva. Porém, não deixou de valorizar a ênfase nos direitos humanos, vista como ponto de possível diferenciação entre as gestões. Como o ex-presidente, Dilma pontuou a importância da reforma de organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a necessidade de parcerias entre nações do Hemisfério Sul e a vontade de dar um fim ao protecionismo econômico imposto por países desenvolvidos.

Segundo a presidente, a defesa dos direitos humanos, ;desde sempre e mais agora;, está no centro de suas preocupações. O tema tem sido citado como a marca de Dilma em sua forma de conduzir a política externa, muito embora ela tenha evitado o delicado assunto na visita à China. No mês passado, o Brasil votou a favor, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, do envio de um observador ao Irã. No fim de 2010, a ONU aprovou resolução condenando o desrespeito aos direitos humanos no país, pedindo o fim de apedrejamentos, perseguições a minorias étnicas, ataques a jornalistas e a advogados de vítimas de violações de direitos. A censura ao regime de Mahmoud Ahmadinejad não contou com o voto do Brasil, que se absteve.

Agora, a definição da postura sobre violações em países como China e Cuba é considerada um dos grandes desafios diplomáticos do início do atual governo. Ontem, Dilma garantiu que sua administração vai promovê-los e defendê-los em todas as instâncias internacionais, ;sem concessões, discriminações ou seletividade;.

Sem capricho
Durante o discurso de 17 minutos, sem improvisos, a presidente defendeu que a reforma do Conselho de Segurança não é um ;capricho; do Brasil, mas reflete a necessidade de ajustá-lo ;à correlação de forças do século 21;. Para Dilma, os recentes episódios nos países árabes e do norte da África, a favor da democracia, refletiram a complexidade dos desafios atuais. ;Lidamos com fenômenos nos quais não são mais aceitas políticas imperiais, certezas categóricas e as respostas certeiras de sempre;, garantiu. ;Do ponto de vista da segurança, a ONU também envelheceu.;

Na solenidade no Palácio do Itamaraty, que marcou o Dia do Diplomata, Dilma salientou que a América do Sul seguirá como prioridade. ;Sinalizei isso ao fazer na Argentina minha primeira visita ao exterior;, afirmou, destacando a importância da região, que atingiu crescimento médio de 7,5% em 2010. ;Não há espaço para discórdias e rivalidades que nos separaram no passado. Os países do nosso continente tornaram-se valiosos parceiros políticos e econômicos do Brasil.;

A presidente destacou ainda as parcerias com os países da África, que ganharam visibilidade no governo Lula, e a aproximação com os asiáticos, com os quais pretende ;ampliar e diversificar as unidades de negócio nos marcos da franca reciprocidade;. Dilma lembrou a viagem que acabou de fazer à China. ;Não temos por que nos envergonhar de nossa condição de exportador de commodities. Mas, ao mesmo tempo, queremos expandir as exportações de valor agregado.; Ao falar rapidamente sobre os parceiros desenvolvidos ; EUA e Europa ;, a presidente disse que o Brasil manterá ;intensas, construtivas e equilibradas relações;. Ela destacou a recente visita do presidente americano, Barack Obama, que, segundo ela, ;dará mais vigor às relações EUA-Brasil;.

Altas honrarias
Antes da cerimônia de formatura dos 109 novos diplomatas da turma 2009-2011 do Instituto Rio Branco, a presidente Dilma Rousseff concedeu a 13 ministros a Ordem de Rio Branco, a mais alta honraria dada pelo governo a personalidades brasileiras. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) e os governadores do Acre, Tião Viana (PT-AC); e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), também receberam a ordem.

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