Politica

Ações anticorrupção investem no poder de mobilização pela internet

postado em 25/09/2011 08:00
Muitos dos atuais integrantes da ;Geração Y; eram novos e não devem se lembrar do movimento dos caras pintadas, que há 19 anos reuniu milhares de jovens brasileiros em passeatas a favor do impeachment do então presidente, Fernando Collor de Mello. Embalados pela grande rede, a internet, eles cresceram e assumiram o comando de novas manifestações contra a corrupção e pelas causas sociais, que têm acontecido com frequência no país. O retorno dos movimentos populares, no entanto, ganhou novas características com o uso das redes sociais. ;Todo mundo hoje pode ser uma estação de mídia. Esses movimentos vão ter um crescimento exponencial, com cada vez mais pessoas tendo voz. O brasileiro está aprendendo a ter essa voz;, avalia a professora de Comunicação Social da PUC-SP e autora do livro A força da mídia social, Polyanna Ferrari.

Um exemplo do poder de mobilização foi visto no começo deste mês. Iniciado pela internet, o Movimento Contra a Corrupção levou aproximadamente 25 mil pessoas à Esplanada para apoiar a ;faxina; da presidente Dilma Rousseff e protestar contra a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) no Congresso. Segundo o cientista político e diretor do Instituto FSB, Leonardo Barreto, a população percebeu que pode influenciar o sistema político e isso é um estímulo a mais para ir às ruas. Apesar de ter um grupo de coordenadores por trás da organização desses eventos, as manifestações são apartidárias e a maioria não conta com a ajuda de entidades, diferença básica dos históricos movimentos das Diretas Já e dos caras pintadas.

Um estudo divulgado em junho deste ano pela empresa Box1824 aponta que 59% dos jovens brasileiros não têm preferência por partidos políticos. Muitos afirmam não se sentirem representados da forma como deveriam pelo poder público. ;Eu acredito que o jovem hoje é muito consciente sobre política e bastante ativo também;, ponderou o analista de sistemas Giderclay Zeballos, um dos organizadores do Movimento Contra a Corrupção. Participante ativo desde os tempos do colégio, o funcionário público André Dutra testemunhou as passeatas de 1992 nos ombros da mãe. Agora, pede a saída de quem considera corrupto. ;O papel social do jovem é ser revolucionário e servir de locomotiva para carregar a outra parcela da população para as melhorias que desejamos;, avaliou ele, que recentemente começou uma campanha de fiscalização e denúncia, através de fotos, para cobrar melhorias do governo do DF.

Impulso
O uso das redes sociais, como o Facebook e o Twitter, é o grande motor dessas manifestações. Dados da pesquisa da Box1824 apontam que 71% dos jovens concordam que usar a internet para mobilizar pessoas em torno de uma causa é uma maneira eficaz de fazer política. A internet é uma ferramenta poderosa, pois permite relações mais horizontais, onde todos têm voz. ;O nosso movimento é virtual e podia ou não ir para as ruas. Tínhamos 35 mil adesões no Facebook e conseguimos levar cinco mil pessoas de qualidade para as ruas. Isso é muito positivo;, comentou Eudes Santos, um dos organizadores do movimento carioca Todos Juntos Contra a Corrupção.

Devido à heterogeneidade do ambiente on-line, muitas vezes é difícil transformar o clamor das redes sociais em ações concretas, planejadas e organizadas nas ruas. Sendo assim, em uma marcha existem diversas causas sendo defendidas. Os organizadores costumam definir as principais reivindicações, mas, na hora, aparecem pessoas protestando contra o governo, os baixos salários, a corrupção, entre outras ;pedidas;. Os ;caroneiros;, no entanto, raramente têm vez.

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