Politica

Dilma defende presunção de inocência do ministro Orlando Silva

Paulo de Tarso Lyra
postado em 18/10/2011 08:00

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem, ao desembarcar em Pretória, capital da África do Sul, o ministro do Esporte, Orlando Silva, acusado de chefiar um esquema de desvio de recursos na pasta para abastecer o caixa de seu partido, o PCdoB. A presidente disse que, em seu governo, adota-se a prática democrática e civilizada da presunção de inocência. ;Não só nós presumimos a integridade dele (Orlando Silva), como ele tem se manifestado com muita indignação quanto às acusações feitas a ele;, disse a presidente, reiterando que conversou com Orlando Silva pelo telefone.

Dilma, que está na África para participar da 5; Cúpula do Fórum de Diálogo do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), garantiu que o governo está acompanhando atentamente as denúncias, os esclarecimentos e as investigações. A presidente lembrou que Silva pediu investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, além de colocar-se à disposição do Congresso ;para fazer todos os esclarecimentos que os senhores deputados e senadores quiserem ter a respeito do assunto;, completou.

Para Dilma, os escândalos envolvendo o Ministério dos Esportes não serão suficientes para atrapalhar os preparativos para a Copa de 2014. No Planalto, existe a percepção de que as denúncias contra o ministro têm ligação direta com a insatisfação da Fifa e do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, com a Lei Geral da Copa encaminhada pelo governo ao Congresso. ;Eu, inclusive, estive em Bruxelas, com um representante da Fifa e, naquela circunstância, deixei a ele claro que o governo não ia alterar, em nenhum momento, nenhuma legislação para prejudicar a população brasileira.; A presidente reiterou que essa era uma decisão sua, não do ministro Orlando Silva. ;E eles (dirigentes da Fifa), inclusive, na ocasião, para mim, concordaram;, disse ela.

A presidente reforçou também que, a partir de agora, todos os ministros precisam assinar os convênios firmados pelos respectivos ministérios. E reconheceu que parcerias como ONGs são mais frágeis porque elas não têm a mesma segurança jurídica e institucional de governos estaduais e prefeituras, mas alertou contra a generalização. ;Não é possível fazer tábula rasa, você tem ONGs e ONGs. Em muitas áreas, nós precisamos delas para executar políticas e atender a população;, ponderou a presidente.

Reuniões
O discurso moderado da presidente Dilma foi acertado com seus principais auxiliares ao longo do fim de semana e durante o dia de ontem. Na sexta-feira, antes mesmo da publicação das denúncias, Dilma ordenou ao ministro que retornasse a Brasília para prestar esclarecimentos sobre o caso. A primeira inquirição foi feita pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e pela chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na noite de domingo. Orlando Silva ouviu dos ministros: ;Confiamos em você, mas você terá que provar de maneira convincente que as acusações são falsas;.

Inseguro, Orlando voltou ontem ao Planalto para uma nova reunião com Gleisi Hoffmann, na hora do almoço. Durante o encontro, avisou que daria uma entrevista coletiva no final da tarde e que pedira ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que também investigue as acusações envolvendo o ministério ; ele já havia feito o mesmo pedido à Polícia Federal, por intermédio do ministro José Eduardo Cardozo.

[SAIBAMAIS]No início da tarde, Dilma ligou para os ministros para saber as novidades do caso e o teor da conversa com Orlando. E deu uma ordem expressa aos palacianos. ;Ninguém fala nada sobre o assunto, quem vai falar sobre isso somos eu e o Orlando;, segundo apurou o Correio.

Em reuniões reservadas desde a sexta-feira, quando souberam das denúncias, os integrantes do PCdoB decidiram lutar por seu ministro do Esporte, Orlando Silva. A primeira avaliação do partido é a de que alguém está financiando o PM João Dias para que ele faça essas denúncias. E que existe um ;olho gordo; das outras legendas tanto em relação ao Ministério do Esporte quanto à Agência Nacional do Petróleo (ANP), ambas comandadas pelos comunistas, cujo mandato do presidente Haroldo Lima termina em novembro.

Colaborou Denise Rothenburg

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