Politica

Acusados de matar a deputada Ceci Cunha vão a júri popular amanhã em Maceió

postado em 15/01/2012 08:00
Em dezembro, manifestantes fincaram cruzes no gramado da Esplanada para cobrar agilidade da Justiça
Depois de 13 anos, serão levados a julgamento amanhã os acusados do assassinato da médica e deputada federal Ceci Cunha (PSDB). A parlamentar estava na casa da família, em Maceió, comemorando a diplomação, quando foi morta a tiros, com o marido e dois parentes. O suspeito de ser o mandante do crime é o ex-deputado Talvane Albuquerque, na época filiado ao extinto PFL e suplente de Ceci. O caso ficou sem ir a julgamento porque havia conflito de competência para saber em qual instância o processo iria tramitar.

O caso ficou parado nas duas instâncias da Justiça ; federal e estadual ; e só foi decidido depois da interferência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do Projeto Justiça Ampliada, que acompanha as fases judiciais. Segundo Erivaldo Ribeiro dos Santos, juiz auxiliar da Corregedoria do CNJ, o episódio da morte de Ceci Cunha não foi a julgamento por causa de uma infinidade de recursos impetrados pela defesa dos acusados. Isso ocorreu nos últimos dias do ano passado, quando os advogados entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seus clientes não fossem a júri popular. O ministro Carlos Ayres Britto indeferiu o pedido. Em 16 de dezembro, houve manifestações em todo o país por causa da demora do júri. Em Brasília, foram fincadas 13 cruzes em frente ao Congresso, representando o número de anos que o caso estava parado.


Segundo o Ministério Público Federal, Talvane Albuquerque queria adquirir imunidade parlamentar para não responder a processos. Para isso, teria encomendado a morte de Ceci a seus assessores. O acusado chegou a ocupar a vaga na Câmara dos Deputados por algum tempo, mas teve o mandato cassado pelo plenário da Casa. Há três anos, ele se tornou secretário de Saúde de Arapiraca, no interior do estado, onde também dirige dois hospitais. Os advogados de Talvane sustentam que ele é inocente.

No entanto, a família de Ceci não acredita na argumentação e espera ver os suspeitos condenados. ;Estamos confiantes da condenação dos matadores;, afirma o funcionário público Rodrigo Cunha, filho da deputada. Ele tinha 17 anos quando a mãe e o pai foram assassinados. ;Esse é um caso que não é só de minha família. Mostra que a morosidade da Justiça torna difícil levar um criminoso para o banco dos réus;, acrescenta Rodrigo, que estará presente ao júri ao lado de parentes. Segundo ele, haverá manifestações na porta do prédio da Justiça Federal, onde também estarão representantes do Congresso e do PSDB, partido ao qual Ceci pertencia quando foi assassinada.

Execuções
Na noite de 16 de dezembro de 1998, horas depois de ser diplomada deputada federal, Ceci estava na varanda da casa do cunhado Iran Carlos Maranhão, no bairro de Gruta de Lourdes, com o marido Juvenal Cunha, e a mãe de Iran, Ítala Maranhão, depois de chegar da diplomação, no fórum da cidade.

Os assassinos seriam assessores de Albuquerque e estavam seguindo a vítima desde o momento da solenidade. Ela morreu com uma rosa branca nas mãos, que lhe foi dada pouco antes, por uma eleitora. Acusados de terem efetuado os disparos, Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves e José Alexandre, na época assessores de Talvane, chegaram à residência atirando.

Transmissão
A importância do caso para a população de Alagoas fez com que o juiz que vai presidir o júri na 1; Vara Federal, André Luís Maia Tobias Granja, e o procurador da República Gino Sérvio Malta Lobo ; que atuará na acusação ; liberassem a transmissão ao vivo pelas emissoras de rádio e de TV. A Justiça também fará a cobertura em tempo real, por meio de seu site na internet.

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