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Começa hoje a fase de interrogatórios do julgamento do caso Ceci Cunha

postado em 17/01/2012 07:34
Acusados do crime, entre eles o ex-deputado Talvane Albuquerque (E), terão as sentenças anunciadas amanhã
Começou na segunda-feira (16) em Maceió o julgamento dos acusados pela morte da deputada federal Ceci Cunha (PSDB-AL), ocorrido em dezembro de 1998, na residência da parlamentar, onde outras três pessoas foram assassinadas por pistoleiros. Além dos três acusados pela chacina, responde pelo crime Talvane Albuquerque. Na época do crime, ele era suplente de Ceci e, conforme o Ministério Público, queria o mandato para adquirir imunidade parlamentar. No primeiro dia do júri, que está sendo realizado pela Justiça Federal ; um dos raros casos em que isso ocorre ;, foram ouvidas sete testemunhas, incluindo parentes da deputada. O julgamento deve prosseguir até a quarta-feira.

Das 20 testemunhas convocadas pelo juiz André Tobias Granja, da 1; Vara da Justiça Federal, quatro deixaram de comparecer. Outras duas apresentaram atestado médico para não ir ao julgamento. Mas o magistrado conseguiu interrogar o policial militar José Farias de Melo, que disse ter sido contatado por um pistoleiro conhecido como chapéu de couro, para matar o também deputado Augusto Farias, a mando de Talvane. A intenção era simular um acidente de carro, proposta que o acusado recusou por temer que Farias não morresse. Outra testemunha, Claudinete Maranhão, irmã de Ceci e mulher de Iran Maranhão, também vítima dos pistoleiros, só reconheceu um dos réus, já que no dia do crime se escondeu embaixo da cama. Talvane chegou a ser empossado como deputado federal, na vaga de Ceci Cunha, mas depois teve o mandato cassado pela Câmara.

Outra testemunha ; o porteiro do prédio onde Talvane morava ; entrou em contradição ao não reconhecer todos os réus como frequentadores da residência do ex-deputado, como fizera antes. Ele disse que apenas um deles, Jadielson Barbosa da Silva, ia ao local. Também não soube precisar o dia exato em que um carro, onde estariam os executores, esteve na casa de Talvane. A defesa dos acusados contestou a testemunha, afirmando que ela havia dito em depoimento à polícia que isso teria ocorrido em 16 de dezembro de 1998, data do assassinado de Ceci Cunha. Além dos faltosos, outras cinco testemunhas foram dispensadas à pedido delas mesmo.

Recursos protelatórios
O júri do caso Ceci Cunha levou 13 anos para acontecer e foi necessário uma intervenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apressar o julgamento de Talvane, Alécio César Alves Vasco, José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros Silva. O motivo foi a definição de em que instância o processo deveria tramitar, se na Justiça Federal ou Estadual, por onde o caso passou por alguns anos. Nos últimos dias do ano passado, a defesa dos réus ainda tentou um último recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro Carlos Ayres Britto, que estava no plantão na Corte, indeferiu a liminar.

Um dos advogados dos réus reclamou que o júri não poderia acontecer agora, já que a defesa ainda tem outros recursos no STF. O juiz André Granja afirmou que estava no caso há pelo menos três e não recebeu, neste período, nenhuma protelação.

[SAIBAMAIS]Familiares de Ceci Cunha, políticos e amigos da deputada lotaram o auditório da 1; Vara Federal, cujo acesso estava restrito a pessoas ligadas aos réus e às vítimas do que ficou sendo chamada Chacina da Gruta, bairro onde ocorreram as mortes de Ceci, seu marido Jurandir, do cunhado Iran e da mãe dele. As execuções aconteceram na varanda da casa da família. A parlamentar morreu com uma rosa branca na mão, que foi dada por uma eleitora durante sua diplomação, ocorrida horas antes do crime.

Matadores de aluguel
O julgamento dos quatro acusados pela morte de Ceci Cunha não é o primeiro episódio na vida do juiz André Granja envolvendo pistolagem. Ele mesmo teve uma experiência pessoal, quando seu pai, o jornalista e advogado Francisco Guilherme Tobias Granja, também foi executado por matadores de aluguel. O crime aconteceu em Maceió, em 1982. Tobias Granja, como era conhecido em todo o estado, era um dos que combatiam esse tipo de crime em Alagoas.

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