Politica

Comissão da Verdade da Câmara Municipal de SP investigará morte de JK

Primeira fase dos trabalhos da comissão começou nesta terça-feira (13/8), com o depoimento de quatro pessoas

postado em 13/08/2013 20:48
Assim como a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo vai investigar as circunstâncias da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976, em um acidente no município de Resende, no Rio de Janeiro. Juscelino governou o país de 1956 a 1961.

A primeira fase dos trabalhos da comissão começou nesta terça-feira (13/8), com o depoimento de quatro pessoas: Serafim Jardim, ex-secretário de JK, os advogados Paulo Castelo Branco e Paulo Oliver, e Gabriel Junqueira Villa Forte, filho do proprietário de um hotel onde o ex-presidente parou momentos antes do acidente.

Autor do livro Juscelino Kubitschek: Onde Está a Verdade?, que questiona se o ex-presidente morreu realmente em um acidente de carro, Serafim Jardim lembrou que JK vinha recebendo muitas ameaças na época. ;O Juscelino falava para mim que estavam querendo matar ele. Ouvi isso várias vezes dele. Eu tenho quase certeza de que o presidente estava sendo vigiado;, disse Jardim, que em 1996 solicitou a reabertura das investigações da morte de JK.

A versão oficial diz que Juscelino morreu em um acidente na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O carro em que ele estava colidiu com uma carreta, depois de fechado por um ônibus. O motorista Geraldo Ribeiro também morreu no acidente, que ocorreu perto de Resende. No entanto, a versão de morte acidental é contestada há anos por alguns órgãos e pessoas.



Segundo o advogado Paulo Castelo Branco, responsável pela reabertura do processo que investigou a morte do ex-presidente, existem muitas questões que não foram esclarecidas. ;Durante as apurações feitas nas novas investigações, a perícia encontrou um objeto de metal no crânio do Geraldo [motorista]. Isso fortalece a possibilidade de JK ter sido assassinado;, disse ele.

Também foram ouvidos hoje o advogado Paulo Oliver, passageiro do ônibus que fechou o carro onde Juscelino viajava, e Gabriel Junqueira Villa Forte. Filho de um brigadeiro que conhecia Juscelino e era dono de um hotel em Resende, a menos de 3 quilômetros do local do acidente, Villa Forte afirmou que não há o que investigar sobre a morte do ex-presidente: ;A curva é muito perigosa mesmo." Para ele, o motorista, provavelmente, corria e perdeu o controle da direção. "Não tem a menor chance de ter sido algo diferente.;

O presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal, vereador Gilberto Natalini (PV), disse à Agência Brasil que as investigações sobre a morte de JK vão continuar. Serão ouvidas mais seis pessoas, em datas que ainda não foram divulgadas. O grupo encaminhará à Comissão Nacional da Verdade um relatório sobre seus trabalhos.

Natalini informou que hoje foram recompilados informações e dados que já tinham sido levantados da morte de JK até agora. "Não tivemos aqui uma novidade bombástica sobre a morte de Juscelino, e sim a reafirmação da suspeita de que ele não morreu em um acidente, de que o acidente pode ter sido provocado por uma ação política do regime militar;, afirmou o vereador. ;A morte de Juscelino é uma coisa ainda em aberto. Existem muitas dúvidas sobre ela, e o que estamos tentando é perseguir essas dúvidas e buscar as respostas, aproximando-nos o máximo possível da verdade;, acrescentou.

Entre os elementos que Natalini considera "estranhos" está o fato de o carro do ex-presidente não ter sido periciado à época. ;Há vários indícios. A tese de que houve um atentado contra Juscelino é uma tese que se sustenta. Não é uma fantasia;, afirmou.

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