Politica

Comissão da Verdade aponta tenente como assassino de Rubens Paiva

Militar quebra o silêncio e revela à Comissão Nacional da Verdade o nome de quem assassinou o ex-deputado em uma sessão de tortura

postado em 28/02/2014 06:00
Hughes de Carvalho: para a CNV, foi ele quem matou Rubens Paiva

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) informou ontem que quem matou o ex-deputado federal Rubens Paiva foi o então tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho. Em depoimento à comissão, um ex-agente militar revelou ter visto, por uma porta entreaberta, em janeiro de 1971, o tenente Carvalho torturando um preso político na carceragem do Destacamento de Operações de Informações do 1; Exército (DOI-I) no Rio de Janeiro. Segundo o depoente, ele só associou a vítima de tortura como sendo o ex-parlamentar anos depois, ao se dar conta de que as características físicas do preso torturado ; ;um homem branco e gordo; ; eram semelhantes às do ex-parlamentar.



Durante a coletiva de imprensa, ontem, no Arquivo Nacional do Rio, os membros da CNV, por compromisso assumido com o depoente, não revelaram a sua identidade, citando-o apenas como ;agente Y;. Mas, de acordo com o jornal O Globo, o autor do depoimento foi o coronel da reserva Armando Avólio Filho, ex-integrante do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército (PIC-PE). É a primeira vez em que um militar ligado à repressão da ditadura aponta um colega envolvido na morte de Paiva. Até então, a presença do ex-deputado nas masmorras do DOI fora admitida pelo ex-tenente médico Amilcar Lobo, já falecido.

Deputado federal, eleito pelo PTB, mesmo partido do presidente deposto João Goulart, Rubens Paiva foi cassado em 1964, logo após o golpe militar. Em 20 de janeiro de 1971, ele foi preso por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) e entregue para o DOI-Codi. A data, segundo o depoimento, coincide com a cena do espancamento descrita pela testemunha. Avólio, que também era tenente, disse que viu Carvalho pulando sobre o corpo do homem que estava sendo torturado. Em seguida, chamou seu chefe imediato, o então major Ronald José Baptista de Leão, que levou o caso ao comandante do DOI, o também major José Antônio Nogueira Belham, e ao comandante da PE, coronel Ney Fernandes Antunes. Em carta à comissão, Leão confirmou o episódio. Ronald de Leão morreu no início deste ano.

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