Politica

Foto mostra militar na cena da morte da estilista Zuzu Angel

Um dos homens fotografados perto do carro em que estava a estilista seria o coronel Perdigão. Ex-delegado do Dops afirma que colega confessou envolvimento no episódio

postado em 26/07/2014 09:09

O ex-delegado Cláudio Guerra afirma que a pessoa indicada na fotografia acima, com o veículo em que estava Zuzu Angel, é o coronel Perdigão

Depois de prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) esta semana, o ex-delegado do Departamento da Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra enviou ontem uma foto que comprovaria a participação de militares no acidente de carro que matou a estilista Zuzu Angel, em 14 de abril de 1976. A imagem mostra uma pessoa que seria o coronel Freddie Perdigão próximo ao carro em que o corpo de Zuzu estava. Segundo Guerra, o coronel Perdigão, conhecido por coordenar o atentado malsucedido no Riocentro, em 1981, estava envolvido na morte de Zuzu. A estilista se tornou um incômodo para os militares por ter mobilizado a opinião pública nacional e estrangeira em busca do filho, Stuart Angel, desaparecido durante o regime.

Parte da foto havia sido mostrada por Guerra em depoimento à CNV na última quarta-feira, quando o ex-delegado do Espírito Santo acusou o coronel de envolvimento no caso. No entanto, a imagem estava ampliada e mostrava apenas o rosto de Perdigão, também conhecido por Dr. Nagib. Na versão original ; publicada no jornal O Globo no dia seguinte à morte da estilista ;, entregue ontem à comissão, a fotografia mostra o coronel próximo ao carro de Zuzu momentos após o acidente no Túnel Dois Irmãos, na Zona Sul do Rio. Perdigão aparece encostado em um poste, com uma camisa clara, levando a mão direita ao rosto, olhando para o carro da vítima. Guerra informou que o colega teria lhe confidenciado a participação no planejamento da morte da estilista. Perdigão, que morreu em 1996, era considerado um dos homens mais cruéis do regime.



O ex-delegado contou ainda que o coronel Perdigão chegou a compartilhar preocupação por aparecer em imagens produzidas no local em que Zuzu morreu. O presidente da CNV, Pedro Dallari, afirma que essa é uma nova peça a ser acrescentada ao inquérito. ;Apesar de o governo brasileiro, por meio da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, já ter reconhecido que a morte não foi um acidente, os militares sempre negaram envolvimento;, afirmou. ;A Zuzu passou a ter projeção internacional e virou uma presença incômoda para o regime, o que motivou que quisessem fazê-la sumir. Mas, como era uma pessoa pública, isso não poderia ser de uma forma que associassem a morte dela ao regime;, acrescentou Dallari.

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