Politica

Após cinco dias suspensa, campanha é retomada pelos candidatos ao Planalto

Políticos tucanos e petistas preveem crescimento de Marina Silva, mas ninguém ainda é capaz de apostar no tamanho da influência da ex-senadora

Paulo de Tarso Lyra
postado em 18/08/2014 08:28
Passado o sepultamento do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, a campanha presidencial retoma hoje o curso normal, interrompida desde a tragédia da última quarta-feira. Uma corrida eleitoral ainda sob o impacto da morte do candidato do PSB, da substituição de Campos por Marina Silva e repleta de incertezas sobre o que acontecerá daqui para a frente.

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[SAIBAMAIS]Articuladores políticos das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) reconhecem que, nesse primeiro momento, qualquer análise estará embaçada pelo impacto dos acontecimentos dos últimos dias. Todos apostam que as primeiras pesquisas de intenção de voto tendem a apontar um crescimento de Marina, podendo, até mesmo, arrancar pontos percentuais das candidaturas mais bem colocadas.

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Mas a grande aposta é que, de fato, Marina cresça na faixa dos eleitores ainda indecisos, beneficiada pela superexposição da chapa do PSB. Dois fatores tornam ainda mais imprevisíveis os próximos dias. O primeiro é que, tradicionalmente, 30% dos eleitores são anti-PT, o que dificulta o discurso de Dilma Rousseff. E nestas eleições, diferentemente de outras, é maior o número de pessoas indecisas nesta fase da campanha eleitoral.



Em disputas anteriores, em meados de agosto, a quantidade de eleitores indecisos era de 12%. Atualmente, esse percentual é quase o dobro: 20%. ;Estamos no campo da imponderabilidade;, resumiu um estrategista dilmista. Para ele, a campanha estava praticamente cristalizada, com Dilma Rousseff liderando com percentuais entre 38% e 41%, Aécio com índices entre 19% e 21% e Eduardo Campos flutuando dos 7% aos 11%.

A dúvida é quanto Marina elevará esse percentual de votos ao PSB. Em 2010, ela obteve 19% dos votos válidos no fim do primeiro turno. ;Mas Dilma não era conhecida e José Serra fazia uma campanha ;suja; que afasta o eleitorado;, disse um petista. ;Hoje, Aécio é um candidato simpático ao eleitorado e Dilma é a presidente da República, o que pode derrubar a margem de crescimento de Marina;, apostou outro dilmista.

Na campanha tucana, a aposta é que a entrada de Marina Silva no lugar de Eduardo, especialmente embalada pelo componente emocional, reforça a possibilidade de segundo turno. ;Mas precisamos continuar trabalhando como estávamos fazendo. Precisávamos apresentar o Aécio para o eleitorado e continuaremos fazendo isso;, afirmou um aliado do presidenciável tucano.

Para os estrategistas da campanha do PSDB, embora os rumos daqui para a frente sejam incertos, não há como dizer que a campanha zerou e que, a partir de agora, tudo poderá acontecer. O raciocínio baseia-se em algumas premissas. A primeira é que ainda existe um número alto de eleitores e brasileiros insatisfeitos com os rumos do país e do atual governo. Por outro lado, os programas sociais continuam atendendo 40 milhões de brasileiros e os eleitores que elogiam a administração de Dilma Rousseff dificilmente, na opinião de aliados de Aécio, desistirão da petista após a morte de Campos. ;É inimaginável um cenário, hoje, de Marina com 40%, Aécio com 30% e Dilma com 20%;, resumiu um integrante do staff aecista.

Homenagens

A presença de Eduardo Campos na campanha ainda deve ser forte amanhã, quando serão veiculadas as primeiras propagandas políticas no rádio e na televisão. O PSB gravou um programa inteiro de homenagens ao presidenciável e só mostrará Marina como a substituta na corrida pelo Planalto nas peças políticas que vão ao ar na quinta-feira. Petistas e tucanos também prestarão algum tipo de homenagem ao socialista, mas não vão centrar o discurso nele. ;O grande problema do luto é esse: a vida segue paralela a ele;, resumiu um assessor graduado da campanha de Dilma.

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