Politica

Marina rebate Dilma: "É um factoide que o governo do PT está criando"

A presidenciável se defendeu novamente de acusações sobre eventual omissão de ganhos que obteve com palestras proferidas a diversas instituições

Jacqueline Saraiva
postado em 05/09/2014 09:17
A entrevista da candidata à Presidência pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) Marina Silva, à rádio CBN, foi iniciada, nesta manhã de sexta-feira (5/9), com a repercussão causada pela divulgação de imagens de indígenas agredindo madeireiros, em uma operação contra o desmatamento em uma floresta do Maranhão. Questionada sobre qual seria seu posicionamento como presidente da República para solucionar as crises constantes ocorridas nessas regiões, Marina Silva afirmou que é necessário ter uma série de medidas para evitá-las, já que é a omissão do governo o fator responsável por essa situação. "Boa parte dos conflitos acontecem por falta de cuidado no tratamento dessa agenda, o que nos leva a situações extremas envolvendo madeireiros e índios", ressaltou a candidata ao dizer que os dois são "grupos frágeis".


O ;desespero;, segundo a presidenciável, é o que estaria pautando a campanha do PT ao Planalto, respondeu Marina sobre a investigação das declarações de rendimentos com palestras da ambientalista. ;É um factoide que está sendo criado pela campanha da presidente Dilma. (...) Após deixar o Senado passei a trabalhar a partir do que eu sei fazer. Criei uma empresa que é a empresa que faz a base e o suporte para as palestras;, respondeu Marina Silva, ao explicar que as demandas da empresa sempre foram com palestras de até R$ 1 mil, a maioria tratando do mesmo tema, a questão da sustentabilidade. ;É uma atitude lamentável. CPIs paralelas informais me investigam em todos os lugares. Tudo o que fiz foi de acordo com a lei. Tenho direito de ter uma atividade profissional, provimento pessoal para sobreviver com a minha família. (...) É um factoide que o governo do PT está criando;, lamentou.

[SAIBAMAIS]Marina se defendeu das acusações sobre falhas em projetos de governo nessas áreas, como a de gestão de florestas, durante a gestão dela como ministra do Meio Ambiente, no governo Lula. ;Sai do governo em 2008 e, a partir daí, a responsabilidade da lei de gestão de florestas é de quem me sucedeu. (...) Não posso ser responsabilizada;, defendeu.

Sobre a polêmica de suposta fraude eleitoral no uso do avião em que morreu Eduardo Campos, Marina Silva afirmou que a Justiça está investigando o caso e que espera um esclarecimento, para evitar que o ex-governador acabe ;morrendo duas vezes;, tendo sua imagem manchada por um escândalo. ;Passamos todas as informações referentes da campanha. O uso do avião foi declarado na conta do candidato. (...) Em relação à vida pregressa desses empresários [donos da aeronave], a Justiça, o Ministério Público e a polícia é que vão investigar;.



A candidata ainda fez um longo discurso sobre questões tratadas em seu programa de governo. Se defendeu dos ataques feitos por Dilma e Aécio, classificando que há ;uma situação quase que de desespero; por parte dos adversários. Pediu à sociedade que a ajude a fazer ;uma campanha de limpeza das campanhas; ao se afirmar como ;o símbolo da mudança;. ;Sou aquela que diz que quem vai fazer essa mudança são essas pessoas que estão agindo agora;, ressaltou. Defendeu um modelo de coexistência na implementação da agricultura de transgênicos, afirmando que esta sempre foi sua bandeira, desde quanto ocupou o cargo de ministra e não o contrário, como é divulgado pela mídia, segundo ela. Sobre a crise energética respondeu que ;a falta de visão estratégica está nos levando à situação de falta de geração;. Afirmou ainda que em seu governo não manterá posicionamento conservador para o andamento do agronegócio moderno e científico. ;Queremos incentivar sim e eu sei o quanto é necessário;, finalizou.

Perfil

Natural de Rio Branco, no Acre, Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima, tem 56 anos. Esta será a segunda vez que ela concorre ao cargo de presidente da República. Marina era candidata a vice de Eduardo Campos, que morreu em um acidente com um avião no mês passado. Começou a vida política ao lado do ambientalista Chico Mendes e, na década de 1980, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre. Em 1990, tornou-se deputada estadual do Acre. Já em 1994, tornou-se senadora pelo mesmo estado, sendo reeleita em 2002. Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, foi nomeada ministra do Meio Ambiente, permanecendo no cargo até 2008. Em 2009, deixou o PT e filiou-se ao Partido Verde (PV). Já em 2011, saiu da legenda para criar um partido, o Rede Sustentabilidade. A sigla foi lançada em 2013, mas não conseguiu o número de assinaturas suficientes exigido pela Justiça Eleitoral para ser aprovado para as eleições de 2014. Desta forma, Marina e alguns apoiadores migraram para o PSB a fim de participar do processo eleitoral deste ano.

Programa de governo

A coligação "Unidos pelo Brasil" defende a transição para a economia de baixo carbono, a redução das desigualdades sociais e a incorporação da inovação tecnológica aos processos produtivos. O programa de governo do PSB pretende, ainda, construir um modelo de desenvolvimento para o país ;mais humano, justo, solidário com as pessoas e com o planeta, com as atuais e com as futuras gerações; e ;profundamente comprometido com a democracia e com a sustentabilidade;. Se eleita, a coligação promete também promover a integração do transporte urbano, priorizando investimentos no transporte coletivo em diferentes modais.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação