Politica

Candidatos defendem reforma política para tentar cativar eleitorado

De plebiscito ao fim da reeleição, os presidenciáveis defendem alterações nas regras atuais

postado em 15/09/2014 06:04
Entre os candidatos em desvantagem nas pesquisas, Pastor Everaldo defende o fim do voto obrigatório e Eduardo Jorge prega a extinção do Senado

Mencionado de maneira genérica nas diretrizes de programas de governo, o tema reforma eleitoral e política tem aparecido de forma recorrente nas declarações dos três principais candidatos à Presidência da República. Em relação às regras eleitorais, o senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-ministra Marina Silva (PSB) concordam com o fim da reeleição. Os dois defendem o estabelecimento de um mandato de cinco anos e a unificação do calendário eleitoral. Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, alega que os termos de uma reforma política devem ser definidos por meio de um plebiscito. Ela bate na tecla do financiamento público das campanhas eleitorais.

Em entrevista recente, no Rio de Janeiro, a petista afirmou ser evidente que o Brasil passa por uma crise de representação, apesar da exagerada quantidade de partidos. ;Acredito em partidos. Se você me perguntar: ;Tem partido demais?;. Eu digo que tem sim. Mas não sou eu que tenho que decidir qual partido é excessivo. É o público, por meio de um plebiscito. Quem tem bons partidos tem democracias históricas. Há uma crise de representação no Brasil;, disse.

As diretrizes do programa de governo petista mencionam distorções no sistema político, no entanto, não citam quais são elas. Além do fim do financiamento privado, o PT luta pela adoção de listas fechadas nas eleições. Dessa maneira, os eleitores passariam a votar apenas em partidos.

O documento protocolado pela candidatura de Aécio Neves no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresenta apenas uma linha sobre reforma política. No papel, o tucano alega que a alteração nas regras se faz necessária para ;tornar mais confiável e transparente; a representação política. Por meio da assessoria de imprensa, o candidato informou que, além do fim da reeleição, vai lutar, se eleito, pela implantação do voto distrital misto, que representa uma combinação do voto proporcional e do voto majoritário.

Dessa forma, os eleitores têm dois votos: um para candidatos no distrito e outro para as siglas. Os votos em legenda (sistema proporcional) são computados em todo o estado ou município, conforme o quociente eleitoral (total de cadeiras divididas pelo total de votos válidos). Já os votos majoritários são destinados a candidatos do distrito, escolhidos pelos partidos políticos, vencendo o mais votado.

O tucano também defende o fim da coligação proporcional ou a implantação da cláusula de desempenho, que impede ou restringe o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar determinado percentual de votos. Aécio é contra a realização de um plebiscito. Ele acredita que um referendo, no qual o Congresso vota e a população aprova ou não, é mais viável. Ao contrário da presidente Dilma, o candidato do PSDB acredita que o financiamento público exclusivo estimularia a prática de caixa dois nas campanhas.

Candidaturas avulsas
O programa de governo de Marina Silva é o que trata de maneira mais específica a reforma política. O partido defende modificação na legislação eleitoral para baratear o custo das campanhas. Também fala na instituição de candidaturas avulsas, extinguindo a necessidade de filiação partidária para que o cidadão possa disputar um cargo eletivo. Por fim, a candidata alega que, no Brasil, é preciso ampliar o uso dos instrumentos de democracia direta, a exemplo de plebiscitos e referendos, e diminuir o número de assinaturas exigidas para a proposição de projetos de lei de iniciativa popular.

No documento encaminhado ao TSE, a candidatura do PSB alega que ;no Brasil, há uma liberdade quase ilimitada no financiamento privado dos partidos, o que resulta em competição com base em condições absolutamente desiguais;. Ainda de acordo com o texto, ;reformar o sistema de financiamento político-partidário requer, enfim, devolver ao cidadão sua capacidade de exercer influência nas instâncias de escolha política dos representantes, de forma equânime;.

Os candidatos com menos intenções de voto, como Eduardo Jorge (PV), Pastor Everaldo (PSC) e Luciana Genro (PSol), também apresentaram propostas sobre o tema.

Promessas no papel

Confira as propostas dos principais presidenciáveis

Aécio Neves (PSDB)
; Implantação do voto distrital misto
; Fim da coligação proporcional ou volta da cláusula de desempenho
; Fim da reeleição

Dilma Rousseff (PT)
; Realização de um plebiscito popular para definir os termos da reforma política
; Fim do financiamento privado de campanha
; Adoção de listas fechadas

Eduardo Jorge (PV)
; Redução dos salários e do número de deputados federais e estaduais
; Extinção do Senado
; Fim do voto obrigatório
; Novo plebiscito para que a população possa optar ou não pelo parlamentarismo
; Implementação do voto distrital misto

Luciana Genro (PSol)
; Fim do financiamento privado de campanhas políticas

Marina Silva (PSB)
; Instituir a possibilidade de candidaturas avulsas, extinguindo a exigência de filiação partidária para que o cidadão possa disputar eleições
; Rever a legislação de financiamento eleitoral para baratear as campanhas e diminuir a influência do poder econômico
; Ampliar o uso dos instrumentos de democracia direta, como plebiscitos e referendos
; Instituir o fim da reeleição para os cargos executivos, estabelecer mandato de cinco anos e unificar o calendário eleitoral

Pastor Everaldo (PSC)
; Fim do voto obrigatório
; Criação de um sistema de impressão do voto para eventuais recontagens
; Simplificação da burocracia para o registro de candidaturas

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