Politica

Dilma nega mudanças na legislação trabalhista em campanha eleitoral

A candidata do PSB, Marina Silva, disse que não acabaria com o Bolsa Família; Aécio Neves, também já teve que desmentir que acabaria com um programa social, o Mais Médicos

postado em 18/09/2014 08:30
Dilma Rousseff durante caminhada em Campinas

Enquanto as pesquisas mostram que os brasileiros clamam por mudanças, os principais candidatos ao Palácio do Planalto enfatizam sempre que podem que carregam a bandeira da manutenção. Ontem, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, dizer que ;nem que a vaca tussa; ela fará alterações na legislação trabalhista, em férias e no 13; salário. Na terça-feira à noite, a candidata do PSB, Marina Silva, fez um apelo nos dois minutos de horário eleitoral na televisão para dizer que sabe o que é passar fome e, por isso, não acabaria com o Bolsa Família. O presidenciável do PSDB, Aécio Neves, também já teve que desmentir que acabaria com um programa social, o Mais Médicos.

Em momentos diferentes, os três entoaram discursos contra mentiras e calúnias. Acrescentaram ainda que não vão mexer no que está dando certo, assegurando à população que não há o que temer. Interlocutores próximos aos candidatos de oposição alegam que as campanhas adversárias apelam para o medo do eleitor, com o argumento de retrocesso. Quem está no governo diz que os concorrentes usam até da censura para calar a petista. A própria presidente disse ontem, em comício em Campinas, que ;há muito ódio e mentira nesta eleição;.

Professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e especialista em política, Denis Ronsefield discorda que o discurso da manutenção dos programas seja fruto da onda de ataques. Na avaliação dele, faltam aos candidatos colocarem ideias concretas para o debate. ;Falam muito de generalidades e com argumentos contraditórios. O problema é que nenhum dos três coloca propostas para os próximos quatro anos. Por estar no governo, a presidente Dilma aposta na continuidade. Mas faltam ideias, ela não apresentou o plano de governo, o Aécio também não e a Marina apresentou generalidades e se desdisse;, justifica.

Para o cientista político da PUC Minas Malco Carmargos, a indefinição dos projetos dos candidatos é influenciada pela falta de clareza do eleitorado. ;A população tem declarado que quer mudanças, mas não tem clareza sobre o que quer. Isso deixa as campanhas um pouco perdidas sobre como se posicionar na disputa. Se o eleitor tivesse clareza, os discursos poderiam ser mais diretos. Até quando ele aponta quem seria mais capaz de conduzir essa mudança, fala da situação e cita o ex-presidente Lula e a presidente Dilma;, analisa.

Ataques mútuos

Por outro lado, o especialista explica que o período eleitoral se dá pela discussão de temas ou pessoas. ;Há o que denuncia a posição e o que tem que se posicionar por causa do adversário;, diz. Camargos destaca que, no pleito anterior, a privatização do Banco do Brasil com o tucano José Serra foi muito discutida. ;Faz parte da retórica colocar o posicionamento do adversário sobre um tema, por isso, os ataques e a defesa;, pontua. Ainda de acordo com ele, a estratégia de garantir políticas de estado ou até mesmo uma legislação vigente já sólida, independentemente do autor, é fundamental. ;É bom para a democracia que o candidato mostre que a proposta existe, independentemente do partido. O acirramento este ano é que está maior. São três lados, em vez de dois, o que abre espaço para mais ataques;, ressalta.

As campanhas têm se armado para mirar nos dois principais adversários. Nas últimas semanas, a estratégia de Aécio foi associar Marina a Dilma, ao se lembrar do passado da socialista no PT e atacar o partido de oposição. Marina, assim como a presidente, também tem atirado nos dois presidenciáveis. A ex-ministra diz que do mesmo jeito que a petista criou um Brasil cinematográfico no horário eleitoral, o tucano também fala de uma gestão em Minas Gerais que não vê o Vale do Jequitinhonha.



A campanha de Dilma, por sua vez, diz que a proposta de Marina de autonomia do Banco Central será boa para os banqueiros e ruim para as famílias, assim como a petista disse que não mexeria nas leis trabalhistas, após a socialista cogitar a atualização da CLT, mas sem prejuízo aos direitos já conquistados. A petista também alfineta Aécio, ao dizer que em governos anteriores, em referência a época do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nomearam um engavetador-geral da República, que não fazia investigações.

Padilha ausente

A presidente Dilma Rousseff pediu ontem aos eleitores que respondam com verdades quando ouvirem mentiras dos adversários. ;A verdade é uma só. A verdade é que este país mudou. Hoje, as pessoas têm muito mais oportunidade;, disse em Campinas. No interior de São Paulo, ela fez um comício e participou de um encontro com acadêmicos da Unicamp. O presidente do PT do estado, Emídio de Souza; o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho; e o ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Marcio Pochmann participaram dos eventos. O candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, foi representado pelo vice de sua chapa, Nivaldo Santana (PCdoB).

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