Politica

Técnicos alertaram IBGE sobre erro antes da divulgação do Pnad

Interlocutores de Dilma afirmam que a presidente não sabia do equívoco na pesquisa divulgada na quinta-feira, quando profissionais do instituto já avaliavam problemas na Pnad. Sindicato dos servidores reclama de sucateamento do órgão e fala em "Crise institucional"

Paulo de Tarso Lyra
postado em 23/09/2014 08:52
Cimar Azevedo, do IBGE, apresenta a Pnad: sindicância para apurar o caso

A alta cúpula do governo, incluindo a presidente Dilma Rousseff (PT), assistiu aos telejornais da noite de quinta-feira e leu os jornais impressos de sexta-feira ; mostrando que a desigualdade social havia aumentado ao longo dos três anos de mandato da petista ; sem suspeitar de que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelos dados, desconfiava que havia erros de cálculos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013. A área técnica do órgão fora alertada, ainda na noite de quinta, de que algo ;estava confuso, truncado e sem sentido; no cruzamento das informações levantadas pela pesquisa.

Enquanto o governo era criticado por ter falhado na política de inclusão social, pesquisadores, acadêmicos e integrantes do próprio Executivo federal ligavam para a sede do IBGE no Rio de Janeiro, desconfiados dos dados apresentados pela manhã. Toda vez que uma pesquisa desse porte é divulgada, os chamados microdados, com informações completas e as tabelas, são disponibilizados no site do IBGE. A partir daí, uma série de instituições, como a Fundação João Pinheiro (de Minas Gerais), a Fundação Seade (de São Paulo), o Instituo Pereira Passos (ligado à prefeitura do Rio), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrantes do mercado financeiro, perceberam que algo estava estranho nas informações.

Como, apesar dos alertas, o IBGE ainda não tinha descoberto onde estariam os erros, optou-se por descobrir primeiro o que tinha acontecido e corrigir os dados para, só depois, avisar aos superiores hierárquicos fora do instituto. Por isso, Dilma e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, foram dormir na quinta-feira sem desconfiar que, no dia seguinte, uma nova coletiva seria marcada para afirmar que, na verdade, a desigualdade tinha caído entre 2011 e 2013.

Como é de praxe, na terça-feira da semana passada, as principais áreas do governo haviam recebido, com embargo, os dados da Pnad. ;Mas, nesses casos, a gente presta atenção aos dados gerais. Ninguém vai ficar se preocupando em checar as contas e os cruzamentos do IBGE;, disse um interlocutor ministerial com trânsito no gabinete da presidente.



Na sexta-feira pela manhã, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, foi pessoalmente ao Palácio da Alvorada, segundo fontes palacianas, informar à presidente Dilma que a Pnad estava errada. A presidente ficou muito irritada com a notícia e cobrou explicações rápidas. ;Em um momento em que as instituições públicas do governo estão sendo questionadas por conta da eficiência e da transparência, é claro que um erro como esse do IBGE não ajuda;, reconheceu um aliado da presidente.

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