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Sucessão de falhas humanas provocou queda de avião de Campos, diz jornal

No acidente, ocorrido no ano passado, sete pessoas morreram

postado em 16/01/2015 09:46
Desde a falta de treinamento até o uso de "atalho" para acelerar o procedimento de descida, foram várias as falhas do piloto Marcos Martins que causaram a queda do jato Cessna 560 XL que matou o presidenciável Eduardo Campos. As conclusões, que começaram a ser divulgadas no início do ano, são da Aeronáutica, segundo informações publicadas no jornal Estadão. Além do ex-governador pernambucano morreram no acidente quatro assessores dele, o piloto e o copiloto.

Em nota, o Cenipa afirmou que as investigações sobre o caso não foram concluídas. O Relatório Final de Investigação, documento que traz a conclusão oficial e Recomendações de Segurança de voo relativas ao acidente, não tem data para divulgação ainda.

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Segundo o documento, Martins teris sido obrigado a abortar o pouso e arremeter bruscamente. O procedimento executado por ele foi feito em desacordo com as recomendações do fabricante do avião. A operação acabou desencadeando o que é descrito tecnicamente como "desorientação espacial", quando o piloto perde a referência em relação ao solo. A conclusão foi baseada em informações sobre os últimos segundos do voo Cessna, no momento em que o avião embicou em um ângulo de 70 graus e em potência máxima. A explicação seria de que o piloto acelerou pensando que estava em um momento de subida, quando na verdade estava voando em direção ao solo. Os investigadores analisaram que as duas turbinas funcionavam normalmente. A caixa preta de voz não foi útil para o processo, já estava desligada e não gravou as conversas durante o voo.



Em cinco meses, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também traçou perfis pessoais e profissionais dos dois pilotos. Martins não estava treinado para pilotar o Cessna, uma aeronave sofisticada e nova. Segundo a investigação, ele sequer havia passado pelo simulador. Registrou-se também que os dois profissionais tinham um histórico de atritos. O voo de 13 de agosto de 2014, provavelmente, seria o último voo em conjunto da dupla.

Junto a todos os agravantes, e talvez por excesso de confiança, segundo a Aeronáutica, o piloto desenhou a rota determinada pelos manuais para pouso na Base de Santos, não fez a manobra exigida para o tipo de pista e tentou pousar direto. O erro desenhou o desfecho trágico da história dos sete ocupantes do jato. Arremeter bruscamente foi a comprovação da desorientação do piloto.

Relembre
Em 13 de agosto de 2014, Eduardo Campos seguia com a equipe de assessores para São Paulo. O jato Cessna 560 XL havia decolado do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, rumo à Base Aérea de Santos, no Guarujá. O piloto tentou pousar na Base Aérea, mas, por causa do mau tempo, afirmou não ter visibilidade da pista e arremeteu. A aeronave caiu por volta das 10h, na Rua Cahia de Abreu, perto das Avenidas Conselheiros Nébias e Dr. Washington Luís. Morreram Eduardo Campos; os assessores Carlos Augusto Ramos Leal Filho e Pedro Almeida Valadares Neto; o cinegrafista Marcelo de Oliveira Lyra; o fotógrafo Alexandre Severo Gomes e Silva; o piloto Marcos Martins e o copiloto Geraldo Magela Barbosa. Outras dez pessoas em terra ficaram feridas e alguns prédios foram danificados.

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