postado em 31/03/2015 13:59
O deputado Altineu Côrtes (PP-RJ) se irritou com o depoimento do ex-gerente da Petrobras Glauco Legati, responsável até ontem pelas obras da refinaria e Abreu e Lima. Glauco depõe desde as 10h desta terça-feira (31) à CPI da Petrobras da Câmara. Nas últimas horas, Legati negou ter recebido propinas e disse desconhecer qualquer irregularidade, superfaturamento ou formação de cartel entre as empreiteiras que participaram da construção da refinaria, num município próximo a Recife (PE). 
;O senhor tome cuidado, porque está sob juramento. E aí o senhor diz que todos os procedimentos estão corretos, que não houve irregularidades e nem pagamento de propina?;, questionou Côrtes. ;O senhor quer dizer que está todo mundo errado? O juiz Sérgio Moro (da Justiça Federal em Curitiba, responsável pela condução da Lava Jato) e todas as pessoas que fizeram delação premiada?;, questionou Côrtes, bastante exaltado. Legati voltou a negar que tenha recebido propina ou que tenha tido conhecimento de qualquer irregularidade.
[SAIBAMAIS]Em depoimento homologado ontem (30) pela justiça, o lobista Shinko Nakandakari, que atuava em favor da empreiteira Galvão Engenharia, disse ter pago cerca de R$ 400 mil a Legati, em espécie, durante encontros em hotéis de São Paulo. Na delação, Nakandakari diz inclusive que os pagamentos em favor de Legati continuaram ao longo de 2014, inclusive depois de deflagrada a operação Lava Jato. ;Nego ter recebido qualquer centavo;, disse Legati.
Legati também detalhou os contratos firmados pela Petrobras com a Galvão Engenharia para a construção de Abreu e Lima, nas áreas de iluminação, escoamento de água e outras. E negou que a obra tenha sido superfaturada de alguma forma. ;Tudo que foi contratado foi executado;, disse.
Superfaturamento
Orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, a refinaria de Abreu e Lima iniciou a produção de um de seus trens de refino no final do ano passado, depois de consumir cerca de US$ 18 bilhões. Apenas com aditivos, a obra de Pernambuco teria provocado um prejuízo para a Petrobras da ordem de R$ 943 milhões, de acordo com o Tribunal de Contas da União. Na semana passada, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse à CPI que que a estimativa inicial, de US$ 2,5 bilhões, era baixa demais. Uma estimativa inicial correta, segundo Foster, para o valor da refinaria, seria de US$ 14 bilhões.