Politica

Alegando isolamento e cerceamento, Marta Suplicy se desfilia do PT

Senadora publicou vídeo no Youtube para explicar a decisão

Naira Trindade
postado em 28/04/2015 16:20
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Ao pedir sua desfiliação do PT, a senadora Marta Suplicy (SP) frisou, por meio de carta enviada à legenda na manhã desta terça-feira (28/4), que foi isolada e estigmatizada ao tentar se ;empenhar numa linha de providências; que voltassem o partido aos fundamentos ideológicos quais foram construídos há 35 anos.

;Percebi que o partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para o diálogo com suas bases e seus filiados dando mostras reiteradas de que não está interessado, ou não tem condições, de resgatar o programa para o qual foi criado, nem tampouco recompor os princípios perdidos;, escreveu, no documento de quatro páginas.

A senadora enfatizou o ;constrangimento; com os crimes denunciados, como as denúncias reveladas pela Operação Lava-Jato, que prendeu o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto. ;Os crimes que estão sendo investigados e que são diária e fartamente denunciados pela imprensa constituem não apenas motivo de indignação, mas com substancialmente um grande constrangimento;, afirmou.

Marta reclama ainda de ter sido ;cerceada e limitada; nas suas atuações políticas, forçando-a a deixar a legenda. ;Os fechamentos de espaços são muitos, com acontecimentos e constrangimentos públicos que envolvem situações e ações que, no passado recente, chegaram ao limite de colocar em risco minha eleição como senadora;.

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;Eu ajudei a fundar o PT há mais de trinta anos. E me orgulho de ter lutado para melhorar a vida dos brasileiros mais pobres que nunca tiveram chance neste país. Mas o PT acabou se desviando do caminho certo e se contaminando com o poder. Eu quero dizer hoje a vocês que eu não me desviei dos valores que meus pais me ensinaram e que eu ensinei aos meus filhos. Que eu não me desviei da luta por um país mais justo. E que por essas razões, eu deixo hoje o partido. Não para desistir do caminho que iniciei há trinta anos. Mas para continuar a segui-lo.;, disse ainda Marta Suplicy, num video publicado pelo Facebook.

Em março, às vésperas do aniversário de 70 anos, circulou a informação de que a senadora trocaria a legenda petista pela Socialista Brasileira (PSB). À época, petistas estudavam pedir a cadeira dela no Senado à Justiça Eleitoral. Havia, em março, ;forte consenso; entre os aliados para que o PT pedisse judicialmente o mandato.

Ao brigar pela vaga da senadora no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PT analisa mantê-la na legenda. É que o primeiro suplente de Marta é Antônio Carlos Rodrigues, o atual ministro dos Transportes. Se abrir mão da cadeira, ela passa automaticamente para o segundo suplente, Paulo Frateschi, um dos dirigentes mais influentes do partido. Nos bastidores, petistas mantêm a expectativa de Fateschi ocupar o espaço deixado por ela.

A saída dela do PT também é vista como uma alternativa para poder disputar a prefeitura de São Paulo, em 2016. A senadora buscava desde o ano passado uma legenda que lhe oferecesse a oportunidade de concorrer no próximo ano. Após meses de negociações, Marta Suplicy teria fechado com o PSB. Ela, porém, nega qualquer tipo de antecipação do assunto.

No primeiro mandato no Senado, Marta já foi deputada federal e prefeita de São Paulo, de 2001 a 2004. Em 2010, garantiu a candidatura ao Senado e conquistou o mandato. No ano seguinte, tornou-se Ministra da Cultura e, um ano depois, em 2012, trabalhou novamente para ser candidata à prefeitura da capital paulista, mas acabou atropelada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que apostou em Fernando Haddad.

Sem chance de concorrer pelo partido, a senadora começou a fazer duras críticas ao PT e a presidente Dilma Rousseff. Ao deixar o Ministério da Cultura, em novembro de 2014, expressou ; por meio de carta ; sua insatisfação à política econômica do governo, gerando desconforto entre os petistas. Em dezembro, a senadora usou o Facebook para criticar a nomeação do sucessor, o sociólogo Juca Ferreira, à vaga da Cultura.

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