Politica

Lava-Jato: juiz Sérgio Moro manda bloquear R$ 78 milhões de lobista

Juiz determina que valores sejam confiscados de contas de Milton Pascowith e seu irmão, José Adolfo Pascowith

Eduardo Militão
postado em 22/05/2015 16:28

O juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, determinou o bloqueio de R$ 78 milhões das contas do lobista Milton Pascowith e de seu irmão José Adolfo Pascowith. O operador atuava para a empreiteira Engevix, investigada na Opereção Lava-Jato, perante a Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público. Ele foi preso na quinta-feira (21) e já se encontra na Superintendência da PF em Curitiba.;O esquema criminoso em questão gerou ganhos ilícitos a eles, justificando-se a medida para privá-los do produto de suas atividades criminosas;, disse Moro no despacho que determinou a prisão preventiva e o sequestro dos valores.


A Receita Federal apurou que a empresa de Pascowith, a Jamp, repassou R$ 1,45 milhão para a consultoria JD, do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo o petista, o dinheiro se refere à prestação de serviços para a Engevix no Peru. Pascowith foi ouvido pela PF em fevereiro, mas nada comentou sobre isso. O vice-presidente da Engevix, Gérson Almada, afirmou que contratou Dirceu para tentar fechar negócios na América Latina e na África. O ex-ministro nega relação das consultorias que prestou para a construtora com obras na Petrobras.


Quebra de sigilo bancário da Jamp mostrou que ela recebeu R$ 78 milhões da Engevix entre 2004 e 2014. Também obteve R$ 2,62 milhões da UTC Engenharia, de Ricardo Ribeiro Pessoa, outra empresa investigada por por formação de cartel para combinar licitações da Petrobras, superfaturar obras em 3% e repassar o excedente em forma de propinas para políticos e funcionários da estatal. A firma de Pascowith ainda recebeu R$ 281 mil da GDK. A empresa doou um empresa que ficou notória pela doação pretérita de um veículo de luxo, uma Land Rover, a Sílvio Pereira, Secretário Geral do Partido dos Trabalhadores - PT, no escândalo criminal denominado de "Mensalão".


;Mentira absoluta;
A defesa do ex-diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque negou nesta sexta-feira (22) que ele tenha recebido propinas por meio de obras de arte. De acordo com o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, dinheiro em espécie, quadros e outras obras de arte eram usados para mascarar os subornos pagos pelo lobista da Engevix Milton Pascowith. ;Mentira absoluta, sem nenhum respaldo em elemento real;, reagiu hoje o advogado de Duque, Alexandre Lopes. ;A verdade é que, assim como os delatores, o Ministério Público e a polícia afirmam o que bem entendem;, criticou.


Na casa de Duque ; que também está preso ; foram encontradas também várias obras de arte. Elas foram adquiridas por Pascowith, segundo a Polícia Feederal. Entre elas, uma escultura de Franz Krajcberg avaliada em R$ 220 mil.


A quebra de sigilos bancários da Jamp mostrou que ela repassou R$ 800 mil para a empresa de Duque, a D3TM Consultoria e Participações Ltda., em 2013 e 2014. ;Há fundada suspeita de que os pagamentos visavam adimplir compromissos anteriores de pagamentos de propina;, disse Moro. Parte dos pagamentos aconteceu em 6 de agosto do ano passado, quando a Lava-Jato já estava em andamento. ;Constituiu freio suficiente à continuidade das práticas delitivas por parte de Milton e Renato Duque;, afirmou o juiz.


O advogado de Pascowith, Theodomiro Dias Neto, não retornou os contatos do jornal. A GDK não foi localizada. A UTC Engenharia não comentado o caso, embora seu presidente, Ricardo Pessoa, esteja prestando depoimentos em delação premiada ao Ministério Público.

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