Politica

Reação de Dilma contra delatores da Lava-Jato é normal, afirma Cardozo

Presidente da República disse que não respeitava delatores, como Ricardo Pessoa, presidente da UTC

Jorge Macedo
postado em 30/06/2015 16:31
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff e disse que as declarações dadas por ela na segunda-feira (29), de que ;não respeita delatores;, são legítimas. De acordo com ele, Dilma deu a declaração por ter a reputação ilibada e ser uma pessoa honesta. ;Qualquer um que tenha a honestidade intrínseca que a presidente Dilma Rousseff tem, e que sofra com a mínima possibilidade de ser atingido reagiria com a mesma indignação;, pontuou.

Em viagem oficial aos Estados Unidos, a presidente da República se manifestou pela primeira vez em relação a delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Segundo ele, foram repassados R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma em 2014. A presidente confirmou que recebeu a doação da empreiteira, mas se defendeu ao dizer que os valores foram registrados e a operação foi realizada de forma legal.

Cardozo justificou a reação de Dilma. Segundo ele, apesar de não ter sido atingida diretamente pela delação, a presidente externou o sentimento de quem sofre com injustiça. ;Quando a campanha dela, em tese, foi atingida, ela tem o direito de expressar seu ponto de vista e indignação;, completou.

O ministro voltou a defender seu ponto de vista sobre as delação premiadas. ;As delações devem servir como orientações de investigação. Ninguém pode ser condenado a partir de depoimentos de delatores, até porque eles podem falar a verdade, meias verdades ou até mesmo mentir;.

As declarações de Cardozo foram dadas durante entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (30), no ministério da Justiça. O ministro se encontrou com líderes da base governista para tratar da votação da Proposta de Emenda à Constituição 171 na Câmara, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos.

[SAIBAMAIS]Polícia Federal
Questionado sobre possíveis excessos ou abusos por parte da Polícia Federal nas últimas investigações, Cardozo foi enfático. ;Sempre que houver plausibilidade jurídica, determinarei que sejam abertos inquéritos para investigar possíveis irregularidades. Na Operação Acrônimo, por exemplo, alguém praticou um crime ao vazar informações sigilosas. A situação já está sendo apurada, e eventuais penalidades serão aplicadas ao autor do vazamento;, declarou.

A Operação Acrônimo investiga irregularidades na campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, do PT. No último dia 18, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a abertura de inquérito para investigar o governador mineiro. ;Nós determinamos a abertura de procedimentos para apurar o vazamento na Operação Acrônimo. O STJ determinou sigilo no caso, e, logo pela manhã, a imprensa tinha todas as informações sobre o caso. Os jornalistas fizeram seu papel, mas alguém cometeu um crime ao vazar os dados;, apontou Cardozo.

O ministro disse que tem recebido reclamações sobre supostos abusos cometidos durante a Operação Lava-Jato. Porém, para ele, a Polícia Federal deve investigar a todos com liberdade e autonomia. ;Alguns acham que o ministro deve interferir, essa não é minha opinião. Enquanto estiver à frente desta pasta, seguirei minha consciência e o que está determinado pela Constituição Federal;.

Por fim, Cardozo disse que vazamentos em outras operações estão sendo investigados, inclusive dentro da Lava- Jato. ;Estamos próximos de identificar o responsável por repassar informações em uma das operações. Como o caso está sob sigilo, não fui informado com todos os detalhes e não sei dizer qual é a operação;.

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