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Advogado de Youssef acusa CPI de praticar 'intimidação' com 'interesses'

O advogado diz ainda que, se Moro não cancelar a ida de Youssef, o doleiro não vai se pronunciar

Agência Estado
postado em 31/07/2015 19:16

A defesa do doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Operação Lava-Jato, disse à reportagem que estuda entrar com um pedido de trancamento da CPI da Petrobras no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os advogados, a CPI da Câmara dos Deputados tem sido utilizada "com interesses escusos para intimidar as pessoas". Como exemplo, Antônio Bretas, um dos advogados de defesa do doleiro, citou a quebra de sigilo fiscal das filhas de Youssef e a convocação da advogada Beatriz Catta Preta para depor na CPI.

A defesa apresentou nesta sexta-feira (31/7 um pedido ao juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava-Jato no Paraná, para suspender a ida de Youssef a Brasília na próxima semana. A CPI agendou para a próxima quinta-feira, 6 de agosto, uma acareação entre o doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também colabora com as investigações da Lava-Jato.

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Entre os argumentos apresentados pela defesa está o estado de saúde de Youssef, que já foi internado por diversas vezes desde que foi detido na Operação Lava-Jato, no início de 2014. Os advogados argumentam ainda que os próprios integrantes da CPI já se dispuseram outras vezes a ir até Curitiba, onde Youssef está preso, para a coleta de depoimentos.

Na visão de Bretas, a convocação de Youssef tem o objeto de expor o delator, segundo ele, "de forma desnecessária". O advogado diz ainda que, se Moro não cancelar a ida de Youssef, o doleiro não vai se pronunciar. "O Alberto Youssef não está querendo deixar de colaborar, não é isso. Mas não vai servir de objeto de manobra para ser achincalhado lá publicamente. A gente está vendo que está se desenhando esse cenário de potencial achincalhamento público dele lá", criticou.

Sobre o pedido de trancamento da CPI, o advogado explica que essa é uma possibilidade estudada pela defesa do doleiro. "Nós estamos amadurecendo a hipótese para ajuizamento de uma medida para trancar a CPI. Não é nada ainda certo", explicou.

Legitimidade

Entre as críticas feitas à CPI, o advogado diz que a Comissão está perdendo a legitimidade como instrumento investigatório. "A CPI tem que investigar um fato determinado e não uma pessoa ou um âmbito genérico. O nosso argumento é que a CPI teve um desvio de finalidade, de perda de objeto. O que ela está investigando hoje? Ninguém sabe mais", declarou.

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