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Zelada, ex-diretor da Petrobras, e lobista ligado ao PMDB são indiciados

Delegado diz que um dos contratos "supostamente foi utilizado para abastecer o cofre do Partido dos Trabalhadores"

Eduardo Militão
postado em 01/08/2015 16:30
A Polícia Federal indiciou o ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada e o lobista João Augusto Henriques, ambos ligados ao PMDB, e o empresário Raul Schmidt, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O delegado Filipe Hille Pace, do grupo de trabalho da Operação Lava-Jato, ainda indiciou por corrupção ativa os operadores Hamylton Padilha, que fechou delação premiada, e os dirigentes da empresa Vantage Drilling Paul Alfred Bragg e Hsin Chi Su, conhecido como Nobu Su. O relatório de indiciamento foi produzido na noite na sexta-feira (31/7) e obtido neste sábado (18/) pelo Correio. Com base nele, o Ministério Público pode decidir oferecer denúncia à Justiça contra Zelada nos próximos dias.

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Segundo a PF, Zelada, que foi preso em 2 de julho na 15; fase do caso, recebeu propina para viabilizar a contração do navio-sonda Titanium Explorer, da Vantagem Drilling, em 2008, e a contratação de um pacote de serviços de saúde, segurança e meio ambiente executado pela Odebrecht a partir de 2010. A Polícia ainda destaca que é necessário investigar um repasse de US$ 8 milhões que Henrique admitiu ter feito à campanha presidencial do PT em 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita pela primeira vez. Segundo ele admitiu em conversa gravada com a revista Época em 2013, o dinheiro saiu do contrato da Odebrecht.

[SAIBAMAIS]Segundo Filipe Pace, a apuração da polícia, do Ministério Público e de auditoria interna da Petrobras mostrou que Zelada teve participação ;efetiva; na contratação do navio-sonda junto com Pinheiro e o ex-dirigente da Petrobras Eduardo Musa, que não foi indiciado, embora já tenha sido acusado de corrupção pelo ex-gerente da petroleira Pedro Barusco. Auditorias da estatal mostram que a contratação foi desvantajosa para a empresa.

Hamylton Pinheiro fez delação premiada e confessou que repassou dinheiro para Raul Schmidt na Suíça a fim de beneficiar seu sócio na empresa TVP Solar: Jorge Zelada. Ele recebeu US$ 10,8 milhões de comissão da empresa TMT, ligada à Vantage, para fechar o negócio do navio com a Petrobras. Mas repasse US$ 4,9 milhões em forma de propina para Zelada, conforme exigência feita por Schmidt.

No caso do contrato de SMS da Odebrecht, a PF diz que há provas de que a Odebrecht usou contas intermediárias, como a Arcadex Corp, para pagar Zelada na Suíça. Para isso, foi usada a conta Klinfield. Uma auditoria da estatal avaliou prejuízos na contratação, que aconteceu às vésperas do segundo turno das eleições de 2010. ;Outra conclusão não há que senão que tais valores foram creditados Jorge Luiz Zelada em virtude de sua atuação na celebração do contrato entre a Petrobras com a Construtora Norberto Odebrecht;, afirma o delegado Filipe Pace.

O delegado diz que esse contrato ;supostamente foi utilizado para abastecer o cofre do Partido dos Trabalhadores;, conforme afirmou, em conversa gravada, o lobista João Augusto Henriques. ;Reitero que tal comprovação deste fato depende de novas diligências;, ponderou o policial.

Só no processo

A Odebrecht, o PT e os demais acusados têm negado qualquer irregularidade. Ontem, a Odebrecht informou ao jornal que não comentaria a existência das contas bancárias porque isso só será explicado nos autos da Operação Lava-Jato.

Em depoimento ao procurador do Ministério Público Federal Diogo Castor de Mattos na última terça-feira (28), ele afirmou que não sabia que estava sendo gravado pela revista Época e disse desconhecer qualquer pagamento de corrupção ou ilegalidade na Petrobras. Ele negou ser ligado ao PMDB, embora conhecesse o falecido deputado peeemedebista Fernando Diniz (MG). A reportagem não localizou as defesas de Henriques, Padilha, Bragg e Hsin Chi Su.

A defesa de Zelada não retornou os contatos feitos, mas o advogado Alexandre Lopes já disse em entrevista ao site do Correio que as contas bancárias no exterior não pertencem a seu cliente. Ele também afirmou que as contas podem ter sido abertas em nome do ex-diretor sem o conhecimento dele. Só em Mônaco, há cerca de 10 milhões de euros no banco Julius Bar, valores registrados como pertencentes a Zelada.

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