Politica

Manobras de aliados devem levar processo contra Cunha à estaca zero

Em mais uma sessão para avaliar a admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha, aliados do presidente da Câmara devem apresentar pedido de vist. Ministra do STF nega pedido do PRB para mudança de relator

Paulo de Tarso Lyra
postado em 15/12/2015 07:49
Em mais uma sessão para avaliar a admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha, aliados do presidente da Câmara devem apresentar pedido de vist. Ministra do STF nega pedido do PRB para mudança de relator

Com a troca na relatoria no processo de quebra de decoro que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responde no Conselho de Ética, a sessão de hoje do colegiado terá como foco a discussão sobre os prazos da representação. A cúpula do Conselho de Ética e o novo relator, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), trabalham para que não haja mais atrasos. Mas aliados de Cunha devem apresentar um pedido de vista, o que pode levar o processo à estaca zero.

Se aprovada, a iniciativa reinicia a discussão sobre admissibilidade do processo e posterga a votação do parecer para o próximo ano. Ontem, Cunha defendeu que cabe pedido de vista, mesmo que o novo relatório seja semelhante ao anterior. ;No momento que houve troca de relator, voltou ao estágio inicial. Cercear meu direito de defesa não é uma coisa boa;, disse. De acordo com ele, qualquer interpretação diferente afronta o regimento da Câmara. Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato, Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras, ao negar ter contas no exterior.

Como antecipou o Correio na semana passada, a cúpula do Conselho de Ética planeja usar uma resposta do presidente da Câmara à questão de ordem n; 26/2015, em que ele estabelece que no caso de matérias em tramitação nas comissões, quando for designado outro relator, se ele mantiver o relatório ou apresentar complementação, não caberá vista. Para a Secretaria da Mesa da Câmara, contudo, esse argumento não é válido por que a resposta se refere apenas a matérias cuja tramitação começou em uma legislatura anterior.

Marcos Rogério contestou o entendimento da Mesa Diretora. ;Como vale para a legislatura anterior e não para a mesma?;, argumentou. Ele reconheceu, contudo, que a questão pode provocar discussões no Conselho de Ética. ;Esperneio sei que vai haver, é natural do processo, mas não podemos comprometer o trâmite no Conselho de Ética em razão disso;, disse. Em seu parecer, que será similar ao apresentado pelo deputado Fausto Pinato (PRB-SP), o deputado defenderá a continuidade do processo.



O presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), entende que não são possíveis medidas protelatórias. Cabe a ele aceitar ou negar um pedido de vista, mas o regimento permite recurso da decisão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Mesa Diretora. Apesar de negar que pedirá vista, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), aliado de Cunha e suplente no Conselho de Ética, defende a possibilidade. ;Toda vez que altera relatório é um processo novo. Está no regimento;, afirmou.

Em outra linha de ataque, aliados de Cunha vão voltar a questionar a atuação de Araújo. Autor de uma questão de ordem que defende que o presidente do colegiado não pode votar no colegiado, o deputado Carlos Marum (PMDB-MS) afirmou que vai voltar a cobrar uma resposta na sessão de hoje. ;Ele é um homem íntegro, mas o desejo de ver o Cunha condenado pode estar contaminando as suas decisões;, disse. De acordo com ele, Araújo antecipou sua posição sobre Cunha em uma entrevista a uma rádio da Bahia. ;Não me acho impedido de votar;, rebateu Araújo. Na sessão do colegiado da última quarta-feira, o presidente desempatou duas votações que pediam o adiamento da votação do parecer de Pinato, ainda na função de relator.

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