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PF cumpre mandados de busca e apreensão nas casas de Eduardo Cunha

A busca na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília, foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki. No total, são cumpridos 53

Jacqueline Saraiva
postado em 15/12/2015 07:25
Policiais cercaram arredores da residência do parlamentar na Península dos Ministros, em Brasília

A Polícia Federal realizou, nesta terça-feira (15/12), por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), uma operação de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília, e na casa do parlamentar, no Rio. O deputado federal é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-geral da República nas investigações da Operação Lava Jato. Ações também foram realizadas em vários estados e em gabinetes do Congresso Nacional.

Fachada da residência de Eduardo Cunha no Lago Sul

[SAIBAMAIS]Desde cedo, dezenas de viaturas e policiais cercam a residência oficial da presidência da Câmara, na Península dos Ministros, no Lago Sul. Os arredores do local foram isolados com faixas. Cunha acompanhou todo o processo, ao lado do advogado Marcelo Nobre e, até por volta do meio-dia, ainda não havia deixado a residência. A ação da PF foi concluída pouco depois das 11h30.

Foi grande a movimentação na quadra onde o parlamentar reside. Além dos policiais, muitos moradores e curiosos passavam em frente a casa. Ao menos dez funcionários das áreas de jardinagem, limpeza e vigilância da residência oficial esperavam desde cedo para começar a trabalhar. Uma funcionária que trabalha na copa e não quis se identificar disse que quando chegou, às 6h30, a operação da PF já havia começado.

Horas depois da ação policial, Cunha disse, por meio da assessoria de imprensa, que iria almoçar em casa e que seguiria a agenda política normalmente. A previsão é de que às 14h30 ele se reúna com líderes e deve se pronunciar na Câmara.

Buscas no Congresso
Ao mesmo tempo em que policiais atuavam na residência de Eduardo Cunha, outros agentes foram enviados ao Congresso para apreender material na Diretoria-Geral e no Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados. Ainda não há informação oficial sobre o trabalho realizado no gabinete.

Apreensões
Até por volta do meio-dia, a Polícia Federal ainda não havia dado detalhes sobre o material apreendido nas residências dos políticos. Há o registro apenas de um aparelho celular e um cofre antigo, que foram apreendidos na residência oficial. A pedido da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, um chaveiro foi enviado até lá, onde ficou por cerca de 20 minutos, deixando o local por volta das 10h20. Apesar de não ter dado detalhes sobre o serviço prestado, ele confirmou que abriu um cofre no local. A assessoria de Cunha, no entanto, explicou que o objeto não era usado há muitos anos e não havia nada dentro.



Mandados
As buscas foram autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. São nove mandados para o Distrito Federal, 15 em São Paulo, 14 no Rio de Janeiro, seis no Pará, quatro em Pernambuco, dois no Alagoas, dois no Ceará e um no Rio Grande do Norte. Entre os locais também está uma residência de Cunha no Rio de Janeiro, além das residências do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e do senador Edison Lobão (PMDB-MA).

As medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações que tramitam no Supremo. Elas têm como objetivo principal evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. Segundo a PF, foram autorizadas apreensões de bens que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa. Os investigados, na medida de suas participações, respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros.

Corrupção
A busca na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília, foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki. No total, são cumpridos 53
Eduardo Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pela PGR nas investigações da Operação Lava-Jato. Beneficiado dos desvios da Petrobras, segundo dois delatores, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas. De acordo com a investigação, CUnha também teria lucrado com negócio fechado pela Petrobras na África, que teria abastecido contas no exterior mantidas por Cunha e familiares na Suíça. Ele foi denunciado pela PGR ao Supremo há cerca de quatro meses. No entanto, o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias.

Nome da operação
O nome Catilinárias, escolhido pela PF para a operação de hoje, é uma menção a uma série de quatro discursos célebres do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina.

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