Politica

Janot avisado sobre grampo

Procurador, que considerou legal a execução das escutas telefônicas, soube antes da existência dos áudios com o ex-presidente Lula, mas não foi informado de que Dilma Rousseff aparecia nas interceptações autorizadas pela Justiça Federal

Eduardo Militão
postado em 19/03/2016 09:21

Em missão oficial na Suíça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ressaltou que a escuta seria ilegal se tivesse como alvo a presidente

A força-tarefa da Operação Lava-Jato do Ministério Público Federal no Paraná avisou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que haveria encerramento de grampos telefônicos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seguido de divulgação das investigações realizadas até então. Ele não sabia, porém, que havia conversas com a presidente Dilma Rousseff (PT).

O recado chegou à Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília, na quarta-feira. Imediatamente, foi transmitido a Janot, que estava em missão na Europa. Em resposta, o procurador disse para que a força-tarefa, assim como aconteceu em outras ocasiões semelhantes, seguisse o ;procedimento padrão;.

Segundo o Correio apurou, houve uma informação genérica prestada a Janot, relatando que havia menções ao próprio procurador-geral, ao novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, e a outras pessoas sem foro privilegiado sem, no entanto, especificar quais eram.

A presidente Dilma Rousseff acabou tendo suas conversas gravadas lateralmente, em 4 de março e na tarde de 16 de março. No momento da comunicação a Janot, só existia o primeiro grampo. A pedido do Ministério Público Federal, o juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, determinou o fim das escutas e acabou com o sigilo do processo às 11h12.

Ontem, Janot declarou na Suíça que as escutas que mencionaram Dilma foram legais. O alvo do grampo era Lula, mas a presidente foi captada porque ligou para um celular usado pelo petista. ;Uma coisa é ter um alvo que não tem prerrogativa de foro. As pessoas que ligam para este alvo não são objeto de escuta;, disse. ;O objeto de escuta é o alvo. Se as pessoas ligam para ele, a escuta que está em curso vai captar essa gravação. É assim que funciona. Pode ter sido correta.; E continuou: ;Incorreta seria se a escuta tivesse sido determinada por juiz de primeiro grau em linhas de telefone da Presidência da República.;

Em Feira de Santana (BA), Dilma insistiu que houve ilegalidades. ;Grampo na Presidência da República;, para ela, ;não é algo lícito;. De acordo com a petista, isso só poderia ser feito com autorização do Supremo. ;Em muitos lugares do mundo, quem grampear um presidente vai preso.;

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação