Politica

Questões de ordem e bate-boca marcam 1ª parte de sessão do impeachment

O momento mais tenso desta manhã ocorreu depois de a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acusar os pares de não terem "moral" para julgar a presidente afastada

Jacqueline Saraiva, Natália Lambert
postado em 25/08/2016 13:40
O momento mais tenso desta manhã ocorreu depois de a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) acusar os pares de não terem
O início da sessão que julga o processo de cassação da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) foi marcado por atraso, longo debate de questões de ordem e por troca de xingamentos entre parlamentares. O plenário iniciou os trabalhos às 9h35 e a primeira parte do debate foi suspensa pouco mais de três horas depois, para o almoço. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz a sessão, negou todos os 10 questionamentos feitos por aliados da petista. Os parlamentares apresentaram todos os argumentos possíveis para tentar suspender o julgamento e arquivar as denúncias contra Dilma.

O momento mais tenso das primeiras horas da sessão foi protagonizado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acusou os senadores de não terem ;moral; para julgar a líder afastada do Planalto. Após a crítica, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) reagiu com críticas ao marido da parlamentar, o ex-ministro Paulo Bernardo, que foi preso em uma operação da Polícia Federal, após suspeita de desvios em contratos de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS e servidores públicos. ;Eu não sou assaltante de aposentado;, retrucou o democrata.

Os ânimos se exaltaram quando senadores do PT começam a chamar Caiado de ;canalha;. Caiado chegou a mandar o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fazer exame "antidoping" e não ficar "cheirando". Após o fim do bate-boca, Lewandowski retomou o andamento da sessão e concedeu a palavra ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). O tucano pediu "serenidade" aos colegas para que o julgamento pudesse continuar.

No início da sessão, outra questão de ordem causou polêmica no plenário. O senador petista Lindbergh Farias (RJ) questionou o fato de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter jantado com o presidente interino, Michel Temer, e aliados, na noite dessa quarta-feira (24/8). De acordo com parlamentares, a intenção do encontro seria garantir que o julgamento não se estenda até depois de terça-feira. ;Somos julgadores, não há como garantir quando terminará esse julgamento.; Lewandowski deixou claro que o julgamento ;tem hora para começar, mas não para acabar;.



O comentário do senador petista gerou debate no plenário. Senadores como Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Magno Malta (PR-ES) questionaram a fala de Lindbergh. ;Quer dizer que o presidente do Senado tem que dar satisfação com quem ele jantou ou almoçou? Quantas vezes você almoçou com Dilma? Você é julgador. Qual é o crime? Isso é mimimi de um processo protelatório. Até entregar coroa de flores tem limite. Porque ou defunto levanta ou enterra. Até agora não levantou;, comentou Malta.

Volta ao trabalho
Ao retornar, parlamentares irão interrogar a primeira testemunha arrolada pela acusação: o procurador do Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira. Oliveira denunciou as chamadas ;pedaladas fiscais; de Dilma Rousseff em 2015 ao TCU. Até o momento, 31 senadores estão inscritos para questionar o procurador. Cada um terá 3 minutos para a pergunta, três minutos para a réplica, três para a tréplica e mais três para os esclarecimentos finais. Ainda há a previsão de ouvir mais uma testemunha da acusação hoje e outras duas da defesa.

Reta final
Conduzida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a sessão deve se estender até a próxima terça-feira, quando senadores votarão pelo afastamento ou não da petista do poder. Hoje, duas testemunhas de acusação, as únicas arroladas, e outras duas de defesa serão questionadas pelos senadores. Amanhã, os parlamentares ouvem mais quatro, também indicadas pela defesa. Antes da oitiva das testemunhas, senadores apresentação questões de ordem que serão analisadas em conjunto pelo presidente do Supremo.

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