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Cunha foi protagonista do impeachment; Temer foi coadjuvante, diz Dilma

"Quando ao ser gravado, o senador Jucá, disse que Michel é Cunha, ele queria dizer o que?! Que Michel Temer integra o grupo do deputado Eduardo Cunha", disse

postado em 29/08/2016 23:50

A presidenta afastada Dilma Rousseff, voltou a dizer que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha foi o protagonista do processo de impeachment. A afirmação já havia sido feita pela petista. Um pouco antes, ela havia dito que, em caso de retorno à presidência da República, jamais voltaria a governar com a ala do PMDB ;do mal;, ao qual pertenceriam Cunha e o senador Romero Jucá (RR).

[SAIBAMAIS]Segundo a petista, Cunha foi o protagonista e Temer foi coadjuvante no processo que pode culminar com sua saída definitiva da presidência e na sua inelegibilidade por oito anos. Para embasar a sua denúncia, ela citou trecho de uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, preso na Operação Lava Jato, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), em que eles discutem o cenário político e a saída da petista. Na gravação, Jucá diz que Michel é Cunha.

;Quando ao ser gravado, o senador Jucá, disse que Michel é Cunha, ele queria dizer o que?! Que Michel Temer integra o grupo do deputado Eduardo Cunha. Esse foi o processo que talvez comece no final do meu [primeiro] governo, mas se intensifica de forma acelerada no meu segundo mandato;, disse.

Centro progressista
Segundo Dilma, o Brasil sempre teve um centro democrático progressista que possibilitava a governabilidade junto as diferentes forças políticas e que o PMDB representava essa força. ;Ele foi fundamental para que nós tivéssemos as conquistas democráticas que tivemos, mas também para que pudéssemos ter governabilidade estável no Brasil. Esse centro democrático que vem do MDB [como se chamava a legenda durante a ditadura civil militar] e que tem como disse há pouco Ulisses Guimarães [integrante do partido e ex-presidente da Câmara dos Deputados, falecido em 1992] como sua maior referência;, disse.

Segundo a petista, a partir do final do seu primeiro governo começou a dar uma guinada para o conservadorismo, com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. ;Quando o centro democrático deixa de ser um centro progressista e passa a ser um centro golpista e conspirador, esse é um processo que tem um líder e eu acredito que o senhor Michel Temer seja um coadjuvante e que o líder seja o senhor Eduardo Cunha ou até então era senhor Eduardo Cunha;, disse.

Questionada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), qual teria sido o critério para a escolha do presidente interino, Michel Temer como seu vice, Dilma disse acreditar que o peemedebista pertencesse a ala do partido que ela classificou como ;progressista;. ;Temer foi escolhido para ser meu vice porque supúnhamos que ele era integrante desse centro democrático transformador, acreditávamos que ele representava o que havia de melhor no PMDB;, disse. ;Lamento que através dos meus gestos tenha construído essa hipótese de ter um vice democrático que até então tenha dado governabilidade ao país;.

Durante sua fala, Dilma disse ainda que esse centro democrático sofreu no seu segundo mandato uma alteração profunda e se transformou numa ala conservadora que fazia ferrenha oposição ao seu governo. ;Não sei dizer quando isso começou a mudar, mas o certo é que começou a mudar;, disse.

Um pouco antes, ao responder um questionamento do senador Telmário Mota (PDT-RR), a presidenta afastada disse que, caso volte ao governo, jamais governará com o que chamou de PMDB do mal.

Por meio de nota, Eduardo Cunha disse que Dilma estaria mentindo ;contumazmente; e desafiou a presidenta afastada ;demonstrar qual foi a pauta-bomba votada e qual projeto do governo não foi votado;.

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