Politica

Forças Armadas vão fazer a segurança em 15 estados neste domingo

Solicitação é do Tribunal Superior Eleitoral. Segurança será reforçada inclusive em Itumbiara, onde candidato foi assassinado em atentado

postado em 01/10/2016 10:26

Solicitação é do Tribunal Superior Eleitoral. Segurança será reforçada inclusive em Itumbiara, onde candidato foi assassinado em atentado

Brasília ; O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ontem que está muito preocupado com a violência envolvendo candidatos nesta campanha eleitoral. O primeiro turno será amanhã. ;Preocupa e preocupa muitíssimo. Não temos até aqui uma explicação. Vamos construí-la com a Justiça, a Polícia Federal, a Justiça Eleitoral e a área de inteligência. Vamos procurar e, se encontrarmos uma explicação, vamos comunicar e torná-la público;, afirmou. Segundo ele, as Forças Armadas devem empregar mais de 25 mil militares para segurança e apoio logístico no primeiro turno das eleições municipais. O contingente das três forças vai atuar em 420 municípios de 15 estados definidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que fez a solicitação. Jungmann informou que os militares também vão reforçar a segurança em Itumbiara, em Goiás, onde o candidato à prefeitura José Gomes da Rocha foi morto na quarta-feira durante carreata.

Para o ministro, a grave situação das contas públicas nos estados acabou intensificando a crise de segurança. ;Acho, e isso é uma suposição, que dada a situação fiscal a que o Brasil chegou e isso repercutindo numa crise na segurança em alguns estados, o que nós estamos vendo é um reflexo na política de algo que, na prática, já está acontecendo. Evidentemente que existem reflexos em todas as áreas e isso chega à área da segurança;.

Jungmann também destacou que outra situação que ;preocupa muitíssimo; ocorre em alguns estados onde existe ;um processo perverso; em que milícias e traficantes têm poder político e indicam representantes ou eles próprios são eleitos. Ele citou como exemplo o estado do Rio de Janeiro. ;O Rio, infelizmente, é um desses exemplos, mas não é apenas o Rio. No Rio de Janeiro, talvez o que exista é um processo mais avançado. Este é um problema grave que estamos enfrentando e em breve pretendemos ter várias respostas para a área de segurança;, afirmou.

ITUMBIARA

Contrariando o governo de Goiás, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves autorizou ontem o envio de tropas das Forças Armadas para Itumbiara. O governador Marconi Perillo (PSDB) havia se manifestado contra o reforço de segurança, concluindo haver ;desnecessidade de convocação da Força Nacional ou de tropas federais;, já que as forças de segurança já mobilizadas seriam suficientes para atender à população. O atentado na cidade foi classificado de ;chocante; e ;deplorável; pelo presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes.

Solicitação é do Tribunal Superior Eleitoral. Segurança será reforçada inclusive em Itumbiara, onde candidato foi assassinado em atentado

O pedido pelo reforço de segurança em Itumbiara foi feito por juízes eleitorais do município, que alegaram que a morte de José Gomes da Rocha ;deixou a população consternada e insegura;, além de gerar ;uma grande comoção e certa animosidade política, deixando a população extremamente insegura, a ponto de causar receio de comparecimento às urnas;. Os juízes eleitorais também citaram que houve a solicitação de dispensa do serviço eleitoral de alguns mesários convocados para atuarem como membros de mesas receptoras de votos.

Em seu despacho, o ministro Henrique Neves concorda com a avaliação feita pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás de que ;a gravidade do fato em análise, aliado ao calor das eleições, causou comoção pública que demanda cautela do Poder Público para que a situação não se degenere para um clima de insegurança coletiva;. ;Recomenda-se, portanto, que as forças federais atuem na localidade, proporcionando reforço de segurança e assegurando a normalidade do pleito;, concluiu Henrique Neves. Itumbiara tem 67 mil eleitores.

Crime foi planejado, diz advogado

São Paulo ; O delegado da Superintendência da Polícia Judiciária de Goiás, Gustavo Carlos Ferreira, disse ontem que o autor dos tiros que mataram o candidato a prefeito de Itumbiara, José Gomes da Rocha (PTB) e feriram o vice-governador José Eliton (PSDB) planejou o atentado. Segundo ele, o atirador se posicionou à frente do trajeto da carreata e esperou cerca de 10 minutos até a chegada do veículo em que estavam os políticos. ;As imagens que obtivemos e os depoimentos mostram ter havido um planejamento mínimo e que ele sabia bem o que estava para fazer, bem como as possíveis consequências;, afirmou.

O autor dos disparos que mataram também um policial militar e feriram um advogado da prefeitura foi morto pelos policiais que faziam a segurança da carreata. Ele foi identificado como o funcionário municipal Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos. De acordo com o delegado, houve relatos de uma discussão acirrada envolvendo Amaral e o candidato antes do crime. O servidor entrou com ação contra a prefeitura, há vários anos, para reclamar horas extras e desde então virou desafeto de Zé Gomes. Segundo o policial, ainda é preciso confirmar se houve o bate-boca.

O prefeito de Itumbiara, Francisco Domingues de Faria (PTB), conhecido como Chico Balla, disse que Amaral, tinha experiência com armas, pois costumava caçar capivaras. Segundo ele, o servidor estava licenciado da prefeitura e trabalhava como cabo eleitoral para um candidato a vereador adversário de Zé Gomes. A Secretaria da Segurança Pública de Goiás destacou uma força-tarefa com 13 delegados e mais de 50 policiais para investigar o caso. Uma equipe da Polícia Federal com três delegados e dez agentes também está na cidade. Depois do atentado, adversários de Zé Gomes redobraram os cuidados por medo de uma possível retaliação de seus aliados. O candidato a prefeito pelo PR, Álvaro Guimarães, cancelou parte da agenda de campanha e pediu proteção policial. Uma viatura da Polícia Militar permanece em frente à sua casa e os familiares evitar sair às ruas. Na noite do atentado, uma empresa de Guimarães foi alvo de vandalismo.

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