Politica

Jungmann terá que explicar nomeações de policiais civis em ministério

Erika Kokay cobra do ministro detalhes sobre as nomeações de policiais civis para postos estratégicos. Agentes colocam cargo à disposição

Matheus Teixeira - Especial para o Correio
postado em 08/03/2017 06:00
Kokay protocolou ontem na Câmara o requerimento enviado ao Ministério da Defesa: Jungmann adotou o silêncio sobre o caso, divulgado pelo Correio no fim de semana
Após o Correio revelar a presença de dois policiais civis em cargos sensíveis do Ministério da Defesa, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) resolveu pedir explicações oficiais do chefe da pasta, Raul Jungmann, a respeito. Diante do incômodo de militares com a presença dos dois indicados políticos do PPS no órgão e com a exposição negativa do caso, Marcello de Oliveira Lopes, chefe de gabinete do diretor do Instituto Pandiá Calógeras, e Welber Lins de Albuquerque, assistente da Assessoria Técnica da Secretaria de Controle Interno, colocaram os cargos à disposição.

A desconfiança da área de inteligência das Forças Armadas com eles surgiu depois de a Corregedoria da Polícia Civil do DF abrir um procedimento para apurar a participação de Welber e do delegado Flamarion Vidal em depoimento que a deputada distrital Celina Leão (PPS) colheu com Jeferson Rodrigues Filho, responsável pela clonagem do celular do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) no ano passado. As escutas ambientes instaladas com autorização judicial nos gabinetes dos distritais investigados pela Operação Drácon revelaram o auxílio prestado pelos homens da corporação à parlamentar. Embora ele já estivesse cedido ao ministério na época da oitiva com o hacker, causou estranheza na Polícia Civil como os policiais ajudaram Celina, que é investigada pelo próprio órgão que fazem parte.

Além de cobrar explicações da pasta, Kokay afirmou que apresentará, assim que as comissões permanentes da Câmara forem reinstaladas, um requerimento para convocar Jungmann à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional a fim de cobrar esclarecimentos do ministro. ;Como se explica o fato de o servidor Welber, exercendo função no Ministério da Defesa desde agosto de 2016, ter desempenhado atividade como se a serviço da polícia estivesse atendendo solicitação da distrital Celina Leão?;, questiona a deputada.

A petista também quer saber se os dois policiais foram indicados pelo PPS para a função. ;O fato de o ministro ter a mesma filiação partidária que Celina influenciou para Welber ter participado da oitiva realizada pela deputada? É prática do Ministério da Defesa o acolhimento de indicações políticas para o exercício de funções em postos estratégicos?;, segue Kokay, no requerimento protocolado ontem na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

Em relação a Marcello, que indicou Welber para o cargo, chamou a atenção de militares o fato de o policial ter sido investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Monte Carlos e pelo Congresso Nacional, na CPI do Cachoeira, que apurou a influência de Carlos Cachoeira na política de Goiás e do DF. À época, foram interceptadas conversas de Marcello com representantes da Delta Engenharia, empresa que participava de um esquema de corrupção milionário desbaratado pela PF.
Esquema em UTIs
O Ministério Público do DF e Territórios e a Polícia Civil investigam um suposto esquema para liberação de emendas parlamentares para uma empresa que presta serviços de UTI ao Executivo local. Logo após a deflagração da operação, a Polícia Civil instalou escutas nos gabinetes de três distritais, entre eles, Celina, onde foram flagrados os dois policiais. O Correio revelou, com exclusividade, o teor dos áudios em que os distritais estudam maneiras para driblar a Justiça e se livrar das acusações da Drácon.
Bolsonaro derrotado
Por decisão unânime, os ministros da 1; Turma do Supremo Tribunal (STF) rejeitaram recursos do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ontem e ratificaram a abertura de ação penal contra o parlamentar, que vai responder como réu pelos delitos de incitação ao crime de estupro e injúria, por ter declarado que ;não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não mereceria;. No recurso, Bolsonaro afirmava que havia irregularidades na decisão e voltou a alegar que deveria ser reconhecida a incidência da prerrogativa constitucional da imunidade parlamentar.

Na ocasião, Marcellão, como é conhecido, ocupava cargo na Casa Militar do governo de Agnelo Queiroz e foi exonerado da função. Ao Correio, os dois negaram ter sido indicados pelo PPS para as funções e afirmaram que tiveram contato com Celina apenas para orientá-la durante o depoimento. A deputada também negou ter apadrinhado ambos no ministério e afirmou que se tratou de uma escolha pessoal do ministro. Procurado, o Ministério da Defesa preferiu não se pronunciar.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação