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Odebrecht: Mantega pediu R$ 57 mi para comprar apoio à chapa Dilma-Temer

Empresário Marcelo Odebrecht é um dos delatores da Operação Lava-Jato e o conteúdo de seu depoimento veio a público nesta quarta-feira (12/4)

postado em 12/04/2017 21:15
O empresário Marcelo Odebrecht afirmou em sua delação premiada que o ex-ministro Guido Mantega, que comandou a pasta da Fazenda durante o governo de Dilma Rousseff, pediu R$ 57 milhões à empreiteira para comprar o apoio dos partidos PDT, Pros, PSD, PRB e PCdoB à chapa encabeçada por Dilma nas eleições de 2014. Marcelo é um dos delatores da Operação Lava-Jato e o conteúdo de seu depoimento veio a público nesta quarta-feira (12/4). Assista à delação premiada na íntegra aqui.
"Entre maio e junho de 2014, o Guido veio com um pedido adicional da campanha. Quando digo adicional, ele tinha um crédito comigo ainda dentro daqueles R$ 100 milhões que a gente tinha concordado. Mas pra a campanha eu já tinha feito a pedido dele a doação oficial, já tinha feito a doação oficial ao PT, que deu para ela, e já tinha acertado pagamentos para João Santana", afirmou Odebrecht. "Aí ele veio com pedido adicional. E eu não tinha. Eu falei para ele: ;não dá, não posso fazer mais oficial porque tinha um relativismo com outros candidatos. Eu posso dar para o João Santana", completou.

O delator também afirmou ter avisado Mantega de que "estava mais difícil movimentar dinheiro" por causa da Operação Lava-Jato. O ex-ministro sugeriu, então, que a empreiteira fizesse a doação para partidos que compunham a chapa. "A gente fechou a coligação, tem os compromissos. Segundo ele, quando fechava o apoio dos partidos, você, de certo modo, se comprometia a apoiar esses partidos no fechamento da coligação". Por fim, a Odebrecht teria pago R$ 24 milhões.


"Grande doador"

Marcelo Odebrecht também relatou ter boa relação com Mantega. Consequentemente, a empreteira era beneficiada pelo governo. Tudo isso, por ele ser um "grande doador". "A gente criou uma relação onde eu tinha acesso a ele, ele atendia a algumas coisas e ele sabia que eu doava. Ao mesmo tempo, eu criava esse compromisso implícito. Esse é um exemplo de como funcionava o governo. Vamos supor que a Odebrecht não estivesse no setor do etanol, provavelmente, por mais legítimo que tenha sido isso aqui, era capaz de sem o acesso que eu tinha a ele, isso aqui não ter saído", afirmou.

"Esse acesso que eu tinha a ele era por quê? Porque ele sabia que eu era um grande doador. Se ele não começasse a resolver uma parte dos problemas que eu levava a ele, legítimos ou não, eu ia criar dificuldade na época de eleição. Eu era um dos maiores doadores, ele criaria um buraco para a campanha dela. Apesar de não ser uma coisa implícita, era como funciona a relação de um grande doador com uma pessoa do setor público", acrescentou.

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