Politica

PF prende ex-ministro Henrique Alves em investigação de corrupção

Uma ordem de prisão também foi expedida contra o ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. Operação Manus investiga corrupção e lavagem de dinheiro em obras no Rio Grande do Norte

Jacqueline Saraiva
postado em 06/06/2017 07:20
Henrique Eduardo Alves foi ministro de Turismo no governo Temer
Ex-ministro do Turismo no governo Michel Temer e ex-presidente da Câmara dos Deputados, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) foi preso preventivamente, nesta terça-feira (6/6), na Operação Manus, um desdobramento da Operação Lava-Jato. A ação apura desvio de verba para pagamento de propina na construção da Arena das Dunas, em Natal (RN). O sobrepreço nas obras, segundo a Polícia Federal (PF), chega a R$ 77 milhões. Uma ordem de prisão também foi expedida contra o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba.

O secretário de Obras Públicas de Natal, Fred Queiroz, também foi preso na ação de hoje. Em Mossoró, o publicitário Arturo Arruda, um dos sócios da agência Art, foi alvo de mandado de condução coercitiva.
Ambos do PMDB, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha já ocuparam a presidência da Câmara dos Deputados. Henrique Alves é próximo ao presidente Michel Temer e foi ministro do governo, mas deixou o cargo após investigação de envolvimento na Operação Lava-Jato. Ele foi o terceiro ministro da gestão a cair, alegando que não queria criar "constrangimentos" para o interino da República.

Em março, a investigação da PF revelou que Alves teria recebido em uma conta na Suíça mais de R$ 2 milhões, valor que o ex-ministro disse não ter ideia de como havia parado lá. Agora, as apurações da Operação Manus indicam que Henrique Alves emprestou a conta para que o colega do PMDB Eduardo Cunha pudesse receber a propina proveniente de contratos em obras públicas.

Na Operação Lava-Jato, o ex-deputado é acusado pela Procuradoria-geral da República (PGR) por corrupção, lavagem de dinheiro e é suspeito de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira Carioca Engenharia em obras no Rio de Janeiro.

Uma mão lava a outra

A Operação Manus, realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal, investiga os crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro envolvendo a construção da Arena das Dunas, em Natal (RN). Segundo a apuração da Operação Manus, nome que faz referência ao provérbio latino "Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat" (uma mão esfrega a outra; uma mão lava a outra), o sobrepreço chega a R$ 77milhões.
[SAIBAMAIS]São 33 mandados judiciais no total, sendo cinco de prisão preventiva, seis de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à força para prestar esclarecimentos, e 22 ordens de busca e apreensão. Cerca de 80 policiais federais realizam as ações que, além do Rio Grande do Norte, também ocorrem no Paraná.

Propina

Segundo a PF, a investigação foi iniciada após a análise de provas obtidas em várias etapas da Operação Lava-Jato, que investiga crimes ocorridos na Petrobras. As provas apontavam a solicitação e o efetivo recebimento de vantagens indevidas por dois ex-parlamentares cujas atuações políticas favoreceriam duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio.

Diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, foram identificados a partir das delações premiadas em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), e por meio de afastamento de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos. Os valores consistiram em pagamento de propina, segundo a investigação. "Identificou-se também que os valores supostamente doados para a campanha eleitoral em 2014 de um dos investigados foram desviados em benefício pessoal", disse a PF em nota .

Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.

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