Politica

Temer chama denúncia de "ficção" e acusa Janot de se beneficiar com delação

Presidente insinuou que o procurador-geral da República possa ter recebido dinheiro para fechar o acordo de delação premiada com o empresário Joesley Batista, da JBS

Rodolfo Costa , Fernando Jordão - Especial para o Correio
postado em 27/06/2017 16:05

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Em pronunciamento na tarde desta terça-feira (27/6), um dia após ser denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, o presidente da República, Michel Temer, chamou a denúncia de "ficção" e insinuou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, possa ter recebido dinheiro para fechar o acordo de delação premiada com o empresário Joesley Batista, da JBS.

"Fui denunciado por corrupção passiva sem jamais ter recebido valores. Nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Afinal, onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Aliás, examinando a denúncia, eu percebo que reiventaram o Código Penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação. Se alguém cometeu um crime e eu o conheço, ou, quem sabe, tirei uma fotografia ao lado de alguém, logo, a ilação é que eu sou também criminoso", afirmou o peemedebista.

Durante o discurso, o presidente mencionou o nome do ex-procurador da República Marcelo Miller, que deixou a PGR para trabalhar em um escritório de advocacia que viria a negociar o acordo de delação premiada de Joesley Batista. De acordo com o peemedebista, baseado na ilação, era possível inferir que Janot ; de quem Miller era considerado braço-direito ; também tenha sido beneficiado com o acordo.

[SAIBAMAIS] "Esse senhor abandona o Ministério Público para trabalhar em empresa que faz delação premiada ao procurador-geral. Não houve quarentena nenhuma. O cidadão saiu e, depois de procurar a empresa para oferecer serviços, foi trabalhar para esta empresa e ganhou milhões em poucos meses. O que, talvez, levaria décadas para poupar. Garantiu ao seu novo patrão [Joesley Batista] um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista. Tudo assegurado pelo procurador-geral. Pelas novas leis penais da chamada ilação, criada nesta denúncia, que não existe no Código Penal, poderíamos concluir que talvez os milhões de honorários recebidos não fossem unicamente para o assessor de confiança", disparou contra Janot.

Com a denúncia entregue ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cabe à Suprema Corte decidir se pede uma manifestação da defesa de Temer ou se encaminha diretamente para a Câmara dos Deputados, Casa responsável pela definição da abertura do processo contra Temer. O chefe do Palácio do Planalto, no entanto, garantiu que aguardará com ;tranquilidade a decisão do Judiciário;. ;Tem meu respeito absoluto pelas decisões judiciais;, afirmou.

O peemedebista assegurou, embora, que a ;disposição; em permanecer à frente do Planalto não ;diminuirá com ataques irresponsáveis;. ;Não fugirei das batalhas, e nem da guerra que teremos pela frente. Não quero ataques à instituição da Presidência da República e muito menos ao homem Michel Temer. Não me faltará coragem para seguir na reconstrução do país e na defesa da minha dignidade pessoal;, declarou.

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