Politica

Procuradoria vê "omissão" e pede a Moro revisão da delação de Schahin

Os executivos do grupo Schahin ofereceram, segundo o Ministério Público Federal, propina de US$ 2,5 milhões aos funcionários da Área Internacional da Petrobras

Agência Estado
postado em 26/07/2017 17:32
O Ministério Público Federal requereu ao juiz federal Sérgio Moro que reveja o acordo de delação premiada do empresário Milton Schahin. A força-tarefa da Operação Lava-Jato informou ao magistrado na segunda-feira (24/7) que houve "omissão na apresentação de documentação e de informações importantes".

Schahin é réu na mesma ação penal em são acusados os lobistas do PMDB Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho. A força-tarefa da Lava-Jato afirma que os Luz teriam atuado como representantes dos interesses de parlamentares e ex-executivos da Petrobras "corrompidos para recebimento de propina em contratos de aquisição e operação de navios-sonda da Área Internacional da estatal".

São objetos da denúncia os contratos de aquisição dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000 e a contratação da Schahin Engenharia para operação do navio-sonda Vitoria 10 000 ao custo de US$ 1,6 bilhão. Os executivos do grupo Schahin ofereceram, segundo o Ministério Público Federal, propina de US$ 2,5 milhões aos funcionários da Área Internacional da Petrobras para dar viabilidade técnica à contratação.

Nesta segunda-feira, a força-tarefa relatou a Moro que, após compartilhamento de provas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foram localizadas minutas referentes aos contratos entre Schahin Engenharia e a Gea Projetos, a Casablanca International Holdings LTD - offshore do grupo - e a Pentagram Engineering LTD - offshore de Bruno Luz e Jorge Luz.

"Ainda foi encontrado contrato assinado entre a Cap Dupell e a Pentagram Engineering LTD. De acordo com o interrogatório de Bruno Luz, a Cap Dupell é também uma offshore pertencente aos Schahin. Por fim, também foi identificada uma pauta referente a cobranças envolvendo a propina devida pela Schahin a Jorge Luz e Bruno Luz. Vale ressaltar que a existência de instrumentos contratuais foi negada por Milton Schahin em colaboração premiada, o qual também afirmou não possuir documentos e demais extratos envolvendo os pagamentos para Jorge e Bruno Luz", narrou a força-tarefa.

"Desse modo, junta-se comunicações entre a defesa de Milton Schahin e esta força-tarefa, a fim de que a colaboração do acusado seja devidamente avaliada na sentença, mormente em relação à omissão na apresentação de documentação e de informações importantes para o deslinde da causa."

Jorge Luz e Bruno Luz estão presos preventivamente desde 25 de fevereiro, por corrupção e lavagem de dinheiro. Em interrogatório perante Moro, na semana passada, Jorge Luz confessou ter intermediado propinas de R$ 11,5 milhões aos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), ao ex-ministro Silas Rondeau e ao deputado Anibal Gomes (CE) - todos os parlamentares negam enfaticamente recebimento de valores ilícitos.

A reportagem procurou a Schahin, mas ainda não obteve retorno.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação