Politica

Governo conta com cerca de 60 cargos para redistribuir entre aliados

De olho na reforma da Presidência, Temer tenta agradar a base

Rodolfo Costa , Paulo de Tarso Lyra
postado em 17/08/2017 06:00
De olho na reforma da Presidência, Temer tenta agradar a base
O governo tem cerca de 60 cargos para serem redistribuídos aos integrantes da base, mas quer avaliar caso a caso para não perder votos importantes na tramitação da reforma da Previdência. Mesmo pressionado pelo ;Centrão;, sobretudo o PP, ávido por mais cargos na máquina pública federal, a ordem no Planalto é preservar, sobretudo, os espaços do PSDB e do DEM. ;Não estamos falando em traidor. O próprio presidente Temer está orientando o ministro (Antonio) Imbassahy (Secretaria de Governo), responsável pelo setor, a definir as coisas com justiça. Precisamos contar com a nossa base para as reformas que vêm pela frente;, afirmou o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
A conta está sendo feita com lupa pelo governo. Todos sabem que o ;Centrão; foi bastante fiel ao Planalto durante a votação da denúncia contra Temer por corrupção passiva. Por outro lado, existe a certeza de que o PSDB e o DEM têm uma maior vocação para aprovar as reformas que virão, especialmente a da Previdência. ;Os tucanos têm o DNA das reformas. Se eles não aprovarem essa matéria, não terão nada para apresentar ao eleitorado;, reforçou um interlocutor do governo.
Por isso, a ordem expressa dada a Imbassahy pelo presidente é olhar o histórico do deputado: como votou em matérias anteriores fundamentais, em especial a reforma trabalhista, a PEC do Teto dos Gastos e a denúncia contra Temer. ;Não será uma votação apenas que vai definir o grau de fidelidade. Especialmente sabendo que teremos duas reformas duras para aprovar daqui para frente;, reforçou um político com livre trânsito no gabinete presidencial.

Por esta regra, também, já foi avisado a Imbassahy que não haverá mudanças nos cargos do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), no Banco do Nordeste. O ministro tucano queria trocar o diretor de Controle e Risco, Nicola Miccione, apadrinhado por Eunício, por Delano Macedo Vasconcelos, apoiado pelo deputado Raimundo Gomes (PSDB-CE), que se ausentou do plenário na votação da denúncia contra Temer, ajudando o governo e contrariando a orientação do presidente nacional da legenda, senador Tasso Jereissati (CE).

Para tornar mais fácil a substituição, os interessados alegaram que Nicola era indicado pelo deputado Vitor Valim (PMDB-CE), que votou contra Temer na sessão de 2 de agosto. Os peemedebistas esclareceram que ele já perdera o carimbo da indicação de Valim após votar contra a reforma trabalhista.

Cuidados

Há quem critique esse excesso de zelo, especialmente com os cargos do PMDB. ;Temer vai errar se ficar refém do PMDB do jeito que está. O PMDB não está preocupado com a governabilidade ou com o futuro do presidente. Cada peemedebista está interessado em seu feudo regional. Eunício no Ceará; Jader (Barbalho) no Pará; (José) Sarney no Maranhão;, criticou um deputado que já teve interesses contrariados ao se chocar com um cacique regional do PMDB.

O Diário Oficial da União de terça-feira trouxe a exoneração de Marcelo Allain do cargo de secretário de Articulação da Secretaria-Geral da Presidência e colocou, em seu lugar, Marco Aurélio Silva. Também deixaram o governo Silvio José Silva, diretor do Departamento de Defesa dos Direitos Humanos; Tamara da Silva, chefe de gabinete da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; e Cristian José Santos, diretor do Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura.

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