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Delator relata entrega de dinheiro em caixas de vinho para campanha no PR

Segundo o delator, houve momento em que os integrantes do suposto esquema começaram a se preocupar %u2018com essa sistemática de entrega%u2019 dentro da pasta

Agência Estado
postado em 02/09/2017 16:04
Segundo o delator, houve momento em que os integrantes do suposto esquema começaram a se preocupar %u2018com essa sistemática de entrega%u2019 dentro da pasta

O delator Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, afirmou ter recheado caixas de vinho com dinheiro para maquiar o pagamento de caixa dois à campanha à reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), em 2014. O empresário alega ter repassado R$ 12 milhões ao ex-diretor da Secretaria de Educação, Maurício Fanini, apontado por ele como operador do esquema.

Alvo da Operação Quadro Negro, que apura desvios na Secretaria de Educação do Paraná, o empreiteiro confessou crimes à Procuradoria-Geral da República e seu acordo de delação está pendente de homologação junto ao Supremo Tribunal Federal.

De acordo com o dono da Valor, Fanini era responsável por indicar os descontos que ele deveria dar em propostas no âmbito de licitações para construção e reformas de escolas com o fim de ganhar os contratos e realizar pagamento de propinas. Ele revelou, em acordo com a Procuradoria, que parte dos valores desviados abasteceu a campanha de Richa.

[SAIBAMAIS]Em um primeiro momento, Eduardo disse ter entregue os valores dentro do prédio da Secretaria, aonde enfiava as cédulas em uma mochila que ficava ao lado do vaso sanitário do banheiro.

Segundo o delator, houve momento em que os integrantes do suposto esquema começaram a se preocupar ;com essa sistemática de entrega; dentro da pasta. "Então, decidimos utilizar caixas de vinho. Eu pegava uma caixa com doze garrafas, deixava apenas duas e preenchia o restante com dinheiro. Eu deixava duas garrafas para que fizessem barulho quando alguém as pegasse e não levantasse suspeitas. A colocação do dinheiro ocorria na própria sede da valor".

"Esse esquema das caixas de vinho foi usado umas cinco ou seis vezes. A gente pegava as caixas e deixava na recepção do prédio do Fanini, na rua Quintino bocaiuva, perto da via rápida que vai para o bairro Bacacheri (rua dep. Joaquim José Pedrosa), bairro Cabral. Ele avisava o dia e o horário que era para deixar lá, por exemplo, quinta-feira, entre 13h00 e 13h30min, evitando que o dinheiro ficasse muito tempo no local. Daquela vez que o Gustavo me ajudou a colocar o dinheiro nas caixas de vinho ele também me acompanhou até o prédio do Fanini para a entrega", relatou.

Os valores em caixa dois, segundo o delator, eram operacionalizados, não apenas por Fanini, mas também pelo secretário especial do Cerimonial e Relações Internacionais do Paraná, Ezequias Moreira Rodrigues, o primo de Richa, Luiz Abi Antoum e o Secretário chefe do gabinete do governador, Deonilson Roldo. "o Fanini comentou que o ex-deputado Eduardo Sciarra era o responsável pelo ;caixa um;".

Com a palavra, Beto Richa


"O governador Beto Richa classifica as declarações do delator como afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena. Tais ilações sequer foram referendadas pela Justiça. E suas colocações são irresponsáveis e sem provas. O governador afirma que nunca teve qualquer contato com o senhor Eduardo Lopes de Souza e sequer fez ou pediu para alguém fazer qualquer solicitação a essa pessoa para a campanha eleitoral de 2014. Todas as doações eleitorais referentes à eleição de 2014 seguiram a legislação vigente e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O governador lembra ainda que foi a própria Secretaria de Estado da Educação que, em abril de 2015, detectou disparidades em medições de algumas obras de escolas e abriu auditoria interna sobre o caso. De imediato, o governador determinou a demissão de todos os envolvidos. As informações levantadas internamente também foram repassadas à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado para que tomassem as medidas cabíveis. É importante salientar ainda que a Polícia Civil do Paraná investigou e prendeu os suspeitos na denominada Operação Quadro Negro, a qual jamais teve qualquer tipo de informação antecipada.

Cabe lembrar ainda que, conforme despacho do governador Beto Richa, a construtora Valor e seus responsáveis foram punidos administrativamente pelo Governo do Estado. Nesse despacho do governador, a empresa foi declarada inidônea para participar de licitações com a administração púbica e foi aplicada uma multa de R$ 2.108.609,84.

Seguindo determinação do governador, a Procuradoria Geral do Estado também entrou com ações civis públicas na 1.;, 4.; e 5.; Varas da Fazenda Publica por dano ao erário contra a construtora Valor e pessoas ligadas à empresa, incluindo o senhor Eduardo Lopes de Souza. Os pedidos de indenização pelos danos causados ao Estado somam R$ 41.091.132,80. Há ainda ações de improbidade administrativa contra os envolvidos, que também buscam ressarcimento dos cofres públicos.

Ou seja, todas as medidas cabíveis foram tomadas para reparação e ressarcimento do erário público e punição dos envolvidos".

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