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Executivo da Petrobras devolve US$ 188 mil de conta de propinas

O ex-gerente afirmou que inicialmente os valores foram internados em uma conta na Suíça e, depois, tudo foi repassado para a conta da offshore no Panamá

Agência Estado
postado em 04/09/2017 15:13
O ex-gerente afirmou que inicialmente os valores foram internados em uma conta na Suíça e, depois, tudo foi repassado para a conta da offshore no PanamáO ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Demarco Jorge Epifânio entregou ao juiz federal Sérgio Moro, no domingo (4/9), comprovantes de que tirou US$ 188 mil do banco Credicorp, no Panamá, e depositou em conta judicial. O valor é parte do US$ 1 milhão que o ex-agente público assumiu ter recebido em propinas em esquemas na estatal. Ele chegou a viajar, com autorização da Justiça, para encerrar a conta no paraíso fiscal.
Epifânio é acusado de receber propinas no âmbito da contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 do estaleiro coreano Samsung ao custo de US$ 586 milhões entre 2006 e 2008. No mesmo contrato e também nos negócios envolvendo o Vitória 10.000, o Ministério Público Federal denunciou Jorge Luz e Bruno Luz, apontados como operadores do PMDB, que admitiram ter intermediado propinas de R$ 11,5 milhões aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e ao deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE)

Em depoimento a Moro o ex-gerente da área Internacional da petrolífera negou ter participado das tratativas que levaram à aprovação do negócio e disse ter liderado a equipe responsável por transformar a carta de intenção que havia sido assinada com o Estaleiro Samsung num contrato e um memorando de entendimento assinado com a empresa Mitsue.

Após o trabalho, ele diz ter sido chamado por Luis Carlos Moreira, também da área Internacional da Petrobras, que teria oferecido US$ 1 milhão como umas espécie de prêmio.

"Eu falei ;Como assim, prêmio, o trabalho está feito;, e ele falou ;Não, você vai ganhar um prêmio, e você tem alguma conta fora?;. Eu disse ;Claro, Moreira, eu estou morando na Inglaterra, eu tenho minha conta do HSBC, minha conta salário;, ;Não, não, não, tem que ser uma conta offshore;. Ele me sugeriu então, me indicou a conta no Banco Clariden Leu lá na Suíça. Eu fui à Suíça então por orientação dele para encontrar com a gerente, que ele já havia entrado em contato para me receber, e me ofereceu o valor de 1 milhão de dólares por esse trabalho que eu havia feito. Desses momentos da vida, Excelência, que a gente fica diante de circunstâncias, e sucumbi à oportunidade, talvez fiquei cego por aquilo que estava sendo me oferecido", relatou.

[SAIBAMAIS]Epifânio afirmou a Moro que foi informado de que os valores eram referentes à comissão do lobista da Mitsue, Julio Camargo, que também é delator na Lava-Jato.

O ex-gerente ainda afirmou que inicialmente os valores foram internados em uma conta na Suíça e, depois, tudo foi repassado para a conta da offshore no Panamá, titular da conta Quantica Investiments, no Credicorp Bank. Ele ainda atribuiu ao seu divórcio e a investimentos o atual saldo de US$ 162 mil remanescentes no exterior, inferiores aos US$ 1 milhão que recebeu de propinas. Para evitar deixar vestígios de que o dinheiro veio da Suíça, Epifânio ainda alegou ter fechado a Quantica e aberto outra conta no mesmo banco para transferir os valores.

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