Politica

Lula afirma que Antônio Palocci é "frio, calculista e simulador"

Em seu segundo depoimento a Moro, Lula contestou acusações de Palocci e atacou ex-ministro

Sergio Montenegro, do Diário de Pernambuco
postado em 13/09/2017 19:16
Lula afirma que Antônio Palocci é Em pouco menos de duas horas de depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o ex-ministro Antonio Palocci (PT) de ;calculista, frio e simulador;, e negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a empreiteira Odebrecht. ;Se ele [Palocci] fosse um objeto, seria um simulador;, afirmou Lula, que prestou seu segundo depoimento a Moro nesta quarta-feira (13), uma semana depois que seu ex-ministro da Fazenda depôs e lhe fez acusações diretas. Palocci citou, inclusive, um suposto ;fundo de reserva; de R$ 300 milhões que teria sido oferecido a Lula depois de deixar a Presidência.
Neste segundo depoimento a Sérgio Moro, Lula não respondeu a todas as perguntas. Ele foi interrogado em ação penal sobre supostas propinas recebidas da Odebrecht. A audiência durou mais de duas horas. O primeiro a questionar o ex-presidente foi o próprio Moro. Em seguida, vieram o Ministério Público Federal e as perguntas da defesa. Após o interrogatório, o juiz passou a ouvir Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, que na semana passada, em depoimento, afirmou que o ex-presidente teria avalizado um ;pacto de sangue; com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo da empreiteira no governo. O terreno ao instituto estaria incluído nesse valor.
Nesta ação, Lula é acusado de se beneficiar de vantagens indevidas pagas pela empreiteira Odebrecht ; incluindo a compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula, e cuja negociação teria sido intermediada por Palocci. Segundo o MPF, os repasses ilícitos da construtora chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui o terreno do Instituto Lula, no valor de R$ 12,5 milhões, além da cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo, de R$ 504 mil.
Novamente respondendo a Palocci, Lula disse que o ex-ministro nem sequer era responsável por assuntos do Instituto Lula ; o que caberia ao seu presidente Paulo Okamotto ; e afirmou que só se encontrava com Palocci, depois de sua saída do governo, ;de oito em oito meses;.

Confira a íntegra do depoimento:

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Durante a audiência, o Ministério Público Federal ainda apresentou uma pauta de reunião de Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira, com Lula, que foi entregue à investigação. A reunião teria ocorrido no dia 30 de dezembro de 2010, nos estertores do governo Lula, no Palácio do Planalto. No documento, o primeiro item da pauta é a ;;Passagem; do histórico de parceria; ; o que seria uma referência à troca de governo, de Lula para Dilma, e ao acerto ilícito feito com o intermédio de Palocci.
Na mesma agenda, ainda são listados, debaixo do título ;Com ele;, os itens: ;Estádio Corinthians, Obras Sítio, 1; Palestra Angola e Instituto;. O petista disse que o documento é falso e ;uma mentira;. Lula ainda fez críticas à atuação da Polícia Federal e do Ministério Público e disse ver com ;desconfiança; determinadas operações.
Moro também ouviu o ex-assessor de Antonio Palocci, Branislav Kontic, na audiência desta quarta (13). Também respondem ao processo o próprio ex-ministro, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula ; que será interrogado na quarta-feira, 20 ; o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros três investigados. Lula já foi condenado na Lava Jato. Em julho, Sérgio Moro aplicou uma pena de 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao petista no caso tríplex. Há ainda, sob a tutela da Lava Jato no Paraná uma terceira ação penal. O ex-presidente é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em obras do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. Este processo poderá colocar Lula e Moro frente a frente pela terceira vez na Lava Jato.
Em resposta a Lula, o advogado de Palocci, Adriano Bretas, afirmou que ;dissimulado é ele [Lula], que nega tudo o que lhe contraria e teve a pachorra de dizer que se encontrava raramente com o Palocci;, disse, em nota. ;Enquanto o Palocci mantinha o silêncio, ele era inteligente e virtuoso; depois que resolveu falar a verdade, passou a ser tido como calculista e dissimulado;, prosseguiu o defensor.;Essa é a lógica de Lula: os que o acusam mentem, os documentos são falsos, e só ele diz a verdade.;

Manifestações


O ex-presidente deixou a sede da Justiça Federal em Curitiba pouco antes das 16h30, de carro, sem falar com a imprensa. Na saída, cinco moradores vestiam camisas verde e amarelas e erguiam bandeiras do Brasil, cantavam: ;Lula ladrão, seu lugar é na prisão;. Logo depois de sua saída, a Polícia Militar desmontou as grades que formavam o perímetro de segurança em torno da sede da Justiça. Os carros e pedestres voltaram a circular normalmente. O petista segue agora para um hotel, onde tomará um banho, e depois participa de ato em seu favor, na praça Generoso Marques, no centro da cidade, com militantes petistas.
Manifestantes a favor da Lava Jato que se concentraram no museu Oscar Niemeyer, a cerca de dois quilômetros da sede da Justiça, também levaram um boneco gigante de Sergio Moro, desenhado como o Super-Homem. Segundo a organização do ato, o ;Super-Moro; tem nove metros de altura. O protesto foi promovido pelo ;Curitiba Contra Corrupção; e o ;Acampamento Lava Jato;, movimentos regionais.
De acordo com os organizadores, o ato foi financiado com venda de camisetas e uma ;vaquinha;. No alto-falante, frases de apoio à Lava Jato e ;contra todos os corruptos;. Nos cartazes, pedidos de intervenção militar. Completavam a cena bandeiras do Brasil e uma enorme faixa estendida no gramado com os dizeres ;Lula na cadeia;.

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