Politica

No Congresso, aliados e oposição se manifestam sobre denúncia contra Temer

Para base, presidente está sereno; para oposição, novo voto de defesa poderia ser 'suicídio político'

Alessandra Azevedo, Guilherme Mendes - Especial para o Correio
postado em 14/09/2017 19:24
A segunda denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República Michel Temer, repercutiu rapidamente nos corredores da Câmara - para onde a denúncia de 245 páginas seguirá para votação em plenário.

O presidente da Casa, Rodrigo Maia, disse, em entrevista, que será necessária "muita calma, pois é um momento difícil", mas que irá respeitar o regimento e a defesa de Michel Temer. Questionado se a denúncia iria atrapalhar o ritmo de votações das reformas em pauta, Maia disse não ser possível manter dois grandes temas em discussão na casa, quando um deles é uma denúncia direta contra o presidente.
O governo espera que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Lava-Jato, não envie a denúncia para a Câmara dos Deputados antes de quarta-feira (20/9). A expectativa é que, até lá, a Corte decida se as provas, que incluem gravações atualmente sob suspeita, são válidas ou não. Após conversa com o advogado do presidente Michel Temer, Antônio Claudio Mariz, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara, defendeu que "não tem como utilizar essa fita para poder fazer uma segunda denúncia". O ideal, segundo ele, é que a denúncia seja paralisada até decisão do STF.

[SAIBAMAIS]Caso isso não ocorra, e o Supremo entenda que as provas são válidas, Mansur garantiu que o trâmite na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário será rápido, "para que a gente possa encerrar esse assunto em definitivo". O congressista do PRB paulista repetiu o discurso de ontem, afirmando que se vive "numa época de muito denuncismo no Brasil" e garantiu que "O presidente está muito sereno e tranquilo, e vai se defender".

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), contrário ao governo, disse em nota que a nova acusação "mostra que na cadeira da Presidência da República está sentado o chefe de uma organização criminosa, que ordenou a compra do silêncio do operador financeiro desta organização criminosa".

O líder da minoria, José Guimarães (PT-CE), garantiu que o momento agora é de agilizar o processo de tramitação na Câmara. Sobre uma nova votação de impeachment contra Michel Temer, Guimarães afirmou apenas que "as condições nesse momento são melhores que as anteriores". A fala do deputado cearense encontrou eco no senador Humberto Costa (PT-PE) que, em coletiva no salão verde, disse esperar que a Câmara não repita o resultado da primeira votação, no início de agosto. "Votar mais uma vez [a favor de Michel Temer] é um suicídio político".

Sobre a votação no plenário, o líder o PT na bancada, Carlos Zarattini (PT-RS), acredita que a pressão contra Temer deve aumentar "devido à insatisfação e a degradação da base". O placar da primeira votação, com 263 votos a favor e 227 contrários à abertura de denúncia, mostrou desgastes na base do presidente que podem se agravar em caso de novo teste.

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