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Filhos e enteados de Jucá são alvos de operação da PF contra desvios

A Polícia Federal apura desvios de R$ 32 milhões em obras superfaturadas. No total, são 17 mandados judiciais, sendo nove de busca a apreensão e oito de condução coercitiva

Jacqueline Saraiva
postado em 28/09/2017 08:51
Filhos e enteados de Jucá estão entre os alvos da operação
Desvios de R$ 32 milhões dos cofres públicos são investigados pela Polícia Federal (PF) em uma operação em conjunto com a Receita Federal, que ocorre, nesta manhã de quinta-feira (28/9), em Boa Vista (RR), Belo Horizonte (MG) e em Brasília. Intitulada "Anel de Giges" a ação mira uma organização criminosa acusada também de peculato e lavagem de dinheiro. No total, são 17 mandados judiciais, sendo nove de busca a apreensão e oito de condução coercitiva, quando a pessoa é levada à força para depor. Fillhos e enteados do líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR) estão entre os alvos.

São alvos de busca e apreensão e condução coercitiva os filhos de Romero Jucá, Rodrigo de Holanda Menezes Jucá e Marina de Holanda Menezes Jucá; os filhos da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, Luciana Surita da Motta Macedo, Ana Paula Surita Motta Macedo. Investigados ligados à CMT Engenharia, Hamilton José Pereira, Elmo Teodoro Ribeiro e Francisco José de Moura Filho, também foram alvo das ações de hoje.

O superintendente da Caixa Econômica Federal (CEF) em Roraima, Severino Ribas, foi alvo de uma condução coercitiva. A PF apura o envolvimento dele nos procedimentos internos do banco na fiscalização e liberação do empreendimento. A Caixa Econômica ainda não se posicionou sobre o assunto.

[SAIBAMAIS]Segundo a Polícia Federal, a origem dos desvios é no superfaturamento na aquisição da ;Fazenda Recreio;, localizada em Boa Vista e na construção do empreendimento Vila Jardim, do projeto Minha Casa Minha Vida no bairro Cidade Satélite. São investigadas as transações decorrentes da venda da ;Fazenda Recreio; para a construção do empreendimento Vila Jardim, bem como pela fiscalização e aprovação do empreendimento na Caixa Econômica Federal.
Em coletiva à imprensa, a PF explicou que a apuração foi iniciada em 2015. Das sete pessoas envolvidas na investigação, quatro são os proprietários da Fazenda Recreio. Segundo a PF, três deles estão prestam depoimento hoje e um deve se apresentar à Superintendência da PF em São Paulo.

Durante as buscas foram apreendidas uma pistola .45 e um fuzil .762, com o marido de uma das investigadas, que foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Farta documentação em papel e em mídias também foram apreendidos pelos policiais, que serão usadas na investigação.
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Investigação continua

Ao longo Os investigados estão sendo conduzidos coercitivamente à Polícia Federal, interrogados e indiciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa que preveem penas de até 30 anos de reclusão. "As investigações continuam, com análise do material apreendido e apuração do envolvimento de outros integrantes nas práticas criminosas", afirmou a PF em nota.

A operação, Anel de Giges, teve o nome inspirado na citação existente no Livro II da obra filosófica "A República" de Platão, na qual é discutido o tema da Justiça. "O Anel de Giges permite ao seu portador que fique invisível e cometa ilícitos sem consequências", disse a PF em nota.

Leia íntegra da nota de Jucá sobre a operação

Repudio mais um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos, desta vez contra minha família. Como pai de família carrego uma justa indignação com os métodos e a falta de razoabilidade. Como senador da República, que respeita o equilíbrio entre os poderes e o sagrado direito de defesa, me obrigo a, novamente, alertar sobre os excessos e midiatização.
Não tememos investigação. Nem eu nem qualquer pessoa da minha família. Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova. Todos os meus sigilos, bancário, fiscal e contábil já foram quebrados e nenhuma prova. Só conjecturas.
Em junho de 2016, foi pedida a prisão de um presidente de um poder, de um ex-presidente da República e de um Senador com base em conjecturas. Em setembro agora, por absoluta inconsistência jurídica, o inquérito foi arquivado. Desproporcional e constrangedor, esse episódio poderia ter sido evitado. Bem como poderia ter sido evitado o de hoje. Bastava às autoridades pedirem os documentos anexados que comprovam que não há nenhum crime cometido.

Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação de uma juiza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tornarei público todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje.

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