Politica

PCdoB lança Manuela D´Ávila à Presidência da República em 2018

É a primeira vez desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto

Agência Estado
postado em 06/11/2017 08:31

A decisão de lançar Manuela D%u2019Ávila foi tomada diante da instabilidade política do País

O PCdoB lançou ontem a pré-candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D;Ávila à Presidência da República. É a primeira vez desde a redemocratização do País, em 1985, que o partido lança um nome na disputa pelo Palácio do Planalto.

Apesar do anúncio, a presidente do partido, Luciana Santos, disse à reportagem que a pré-candidatura não afasta o PCdoB do PT, seu aliado histórico. Segundo ela, a decisão de lançar Manuela D;Ávila foi tomada diante da instabilidade política do País, "sem comprometer a aliança política que possa haver com o PT lá na frente".

"Não há um partido mais defensor do PT do que o PCdoB", disse Luciana. "Nós queremos nos apresentar com mais força para ajudar o conjunto do nosso campo político a retomar a Presidência da República no ano que vem", explicou. Segundo ela, a candidatura vai se consolidar no processo de convenções.

Entre os petistas, as reações ao anúncio do PCdoB foram díspares. A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, comemorou a candidatura de Manuela em seu perfil nas redes sociais. "Grande quadro político, grande mulher! Ali na frente nos encontraremos, Manu", escreveu no Twitter.

Já o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lamentou o anúncio. "Respeito o PCdoB, respeito a Manuela, acho que ela é um dos melhores quadros da nova geração. Mas considero a decisão um erro histórico." Ele comparou a decisão à posição dos comunistas em 1954, na crise que levou ao suicídio de Getúlio Vargas. Na época, o partido pressionou pela renúncia.

Para Lindbergh, os comunistas deveriam estar com o PT desde já. "Acho um equívoco em um momento como este, em que querem impedir a candidatura de Lula."

Sete

Desde 1989, os comunistas apoiaram todas as sete candidaturas presidenciais petistas. Com 12 deputados federais em exercício, o partido pode ampliar o tempo de propaganda na TV do candidato que apoiar. Em nota, a sigla disse que o objetivo da candidatura é a "retomada do crescimento, defesa e ampliação dos direitos do povo e reforma do Estado".

Perguntada sobre as declarações recentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho, Luciana Santos afirmou que as falas de ambos - que pavimentam o caminho para alianças do PT com o PMDB e com outros partidos que apoiaram o impeachment da petista Dilma Rousseff - não estremecem as relações entre petistas e comunistas. "O que deve nos mover é barrar a agenda do governo Temer. E, para barrar a agenda, a gente tem que juntar forças", afirmou.

Ela disse também que o PCdoB ainda defende o direito de Lula sair candidato em 2018. O petista é réu na Justiça em sete processos e já foi condenado em um deles a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, sob as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. Por isso, ele corre o risco de ficar inelegível até a próxima corrida presidencial, caso a decisão seja confirmada em segunda instância. "Consideramos que esse processo que Lula está vivendo é político", disse.

[SAIBAMAIS]Luciana afirmou ainda que existe a possibilidade de uma aliança entre PT e PCdoB em 2018. Segundo ela, "a instabilidade política é a marca do momento". "Achamos que a nossa pré-candidatura precisa estar posta para o debate nacional, para ver os desdobramentos. Neste momento há necessidade de apresentar essa alternativa."

Manuela D;Ávila, de 36 anos, já cumpriu dois mandatos de deputada federal pelo Rio Grande do Sul, tendo sido a candidata mais bem votada do Estado nas duas eleições. Ela foi também dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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